31.10.10

Uma China para "comprar" a Europa

O presidente chinês Hu Jintao vem a Lisboa nos próximos dias 6 e 7 para finalizar importantes acordos financeiros com o nosso governo. Segundo se notícia até estão dispostos a aceitar “comprar” a divida pública portuguesa o que convenhamos seria um alívio para o nosso primeiro-ministro. Mas estas notícias e esta súbita atenção Oriental não deixa de ser pertinente, provavelmente preocupante.

O que está por perceber é a que título acham os chineses Portugal um país tão interessante, mesmo que periférico numa Europa mais ou menos em crise... E quando é conhecida a nossa situação de ruptura financeira como a pior de sempre e, porventura a mais complexa dos países Membros da União Europeia.

Deixa-nos a todos confundidos este súbito interesse manifestado pela vice-ministra dos Negócios Estrangeiros chinesa, Fu Ying admita “participar no esforço de recuperação económica e financeira de Portugal". Que os chineses possuem uma reserva financeira de biliões de dólares é do conhecimento planetário.

Percebe-se que devagar se vai ao longe.

Sabemos que não temos nada para oferecer à grande China que cresce mais de 10% ao ano, nem mesmo o turismo que representa pouco mais de 1/5 do nosso Produto Interno Bruto.

Mas temos uma zona económica exclusiva marítima francamente interessante e a mais importante do Atlântico Norte. Só que não temos como explorá-la e muito menos como tomar conta dela. Falta-nos os tostões para recuarmos 500 anos. Ao contrário, agora são os chineses que o têm para nos descobrir.

Este acto administrativo segundo Wang Yong do Banco Central da China, bem como outras contribuições em outras economias europeias em maior crise pode contribuir decididamente para a valorização mínima da moeda chinesa em 3% o que dificulta as exportações norte-americanas.

Por outro lado, investimentos na Europa do euro atenuam as flutuações dos investimentos chineses muito expostos às oscilações dólar.

Relativamente a Portugal estamos perante uma estratégia a três tempos:

· Explorar o nosso mar e deixar-nos numa encruzilhda com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO);

· Recuperar um ou dois espaços portuários e redimensioná-los para que possam competir com outras plataformas logísticas no Atlântico, nomeadamente com aquelas a que os chineses dificilmente algum dia chegarão, caso da gigante e extraordinariamente organizada área portuária de Roterdão no reino holandês, onde nem sequer se notam sinais de crise;

· Entrar na Europa de forma relativamente facilitada, através de um País que fiscaliza quase nada e nem sequer nunca regulou a procura.

Não conhecemos as reacções dos mais ricos da União Europeia a este propósito.

Também parece que os europeus - todos sem excepção - mesmo os mais pobres recentemente saídos da “cortina de Ferro” com o final da União Soviética, ainda não perceberam que estamos no início de uma nova revolução industrial ao estilo do final do século XIX.

A China industrializa-se e cresce a poder de braços de ferro, sem benefícios sociais, sem horários de trabalho, sem férias, subsídios vários, sem sindicatos, sem trabalhadores capazes de reivindicar o quer que seja.

Os dirigentes orientais também sabem que os Estados sociais e protectores têm uma segurança social quase falida, porque é incapaz de gerar receitas, por estar cada vez mais envelhecida e mostrar incapacidade de regeneração em quase todas as frentes, nomeadamente o caso português que ignorou nos últimos anos a formação adequada dos seus quadros superiores, intermédios e médios... Vejamos que já não temos escolas técnicas como a escola industrial ou comercial, que não temos espaços adequados à aprendizagem de ofícios fundamentais ao desenvolvimento de um Estado que optou por dinamizar exclusivamente o sector dos serviços como se isso fosse o bastante para desenvolvimento de um País em condição periférica num continente que apesar de tudo ainda é rico e organizado.

José Maria Pignatelli

Imagens do Outono na Beira.


TÍLIA





CASTANHEIRO


É pena o tempo perdido, mas pior pode ser copiar mal.


No inicio de 2006 escrevi uns textos sobre algumas das riquezas de Odivelas e a inércia, que por falta de visão estratégica, não permitia que as mesmas fossem valorizadas.

Na altura houve quem se risse, agora e depois de ao longo de alguns anos, estamos quase em 2011 e sem que eu me tenha cansado de insistir, parece que há quem comece a dar-me razão. Mais evidente se tem tornado este facto desde a apresentação do Projecto de Revitalização e Dinamização do Comércio Local.

Tem sido assim com a Marmelada, agora parece que se começa a falar também da mais-valia que poderá ter D.Dinis e o Mosteiro de S. Dinis e S.Bernardo.

É curioso ver, como, mesmo tendo os partidos P.S. e P.S.D. chumbado em Assembleia Municipal que fosse criado um grupo para avaliar o Projecto de Dinamização e Revitalização do Comércio Local, agora comecem a aparecer alguns responsáveis políticos aqui do burgo a dizer que vão colocar em prática esta e aquela ideia, as quais são retiradas desse mesmo documento.

Não pensem que me incomoda que copiem as ideias, o que me poderá incomodar, é que as apliquem desadequadamente e que depois venham a constatar que o que se podia tornar numa mais valia, se torne em mais um "buraco", ou que se "queime" uma marca.

Porque é que isto não tem sido notícia? Não interessa?


China quer dívida portuguesa.


Presidente chinês vem a Lisboa negociar contratos de investimento e oferecer ajuda para financiar a economia portuguesa.

A China está disposta a comprar títulos da dívida pública portuguesa e a "participar no esforço de recuperação económica e financeira" do País, admitiu ontem a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros chinesa, Fu Ying. Uma decisão nesse sentido poderá ser tomada já no final da próxima semana, no âmbito da visita a Lisboa do presidente chinês, Hu Jintao, nos dias 6 e 7, que deverá ficar marcada por vários acordos e contratos de investimento. Estes poderão ser uma espécie de "moeda de troca" para o apoio ao financimento da depauperada República Portuguesa.

"A situação económica e financeira em Portugal tem sido sempre o centro das nossas atenções", explicou aquela governante em Pequim, acrescentando que o seu Governo tem "vontade de participar nos esforços dos países europeus para recuperar da crise".

E, a avaliar pelas estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), dinheiro não é problema: a economia chinesa deverá crescer 10,5% este ano. E embora continue a assumir-se com "um país em vias de desenvolvimento", a China possui neste momento as maiores reservas em divisas do mundo: 2,65 mil milhões de dólares, que equivalem a 1,92 mil milhões de euros.

Cerca de um terço daquele valor está investido em títulos do tesouro norte-americano, pelo que a investida chinesa nos mercados euopeus faz também parte de uma estratégia de diversificação das suas reservas demasiado expostas às flutuações do dólar.

Nesse sentido, um professor do Banco Central chinês, Wang Yong, defendeu a compra de dívida pública de Portugal e de outros países europeus, não só para ajudar a Europa a sair da crise, como para tentar limitar a 3% a valorização da moeda chinesa reivindicada pela administração norte-americana, que lhe prejudica as exportações.

Na próxima semana , Portugal e China vão assinar "uma série de acordos da maior importância a nível oficial e de empresas, nomeadamente ao nível do turismo e da facilitação das relações económicas", disse o embaixador de Portugal na China, José Tadeu Soares. A primeira visita de um presidente chinês a Lisboa em mais de uma década ocorre num momento em que as exportações portuguesas estão a crescer 66%. O Governo português vê na inten- ção da China um sinal de confiança na economia portuguesa. Refira-se que Portugal apoia o levantamento do embargo à venda de armas à China, imposto em 1989.


Fonte: DN.

Vender o Mar para pagar a divida?

Há muito que penso que a nossa grande riqueza é o mar e espanta-me a falta de vontade de todos os governos em apostar nele.

Ultimamente tem-me passado pela cabeça, que há quem pense que uma das hipóteses para pagar a divida portuguesa, fruto de governações desgraçadas, seja a venda da nossa maior riqueza, precisamente do Mar.

Já ouvi também algumas bocas e hoje encontrei um post, "Sines será vendido à China?", que aborda este assunto.

Realmente para colocar a cereja em cima do bolo, a estes incompetentes, só falta vender o nosso MAR à China.

30.10.10

e se aqui (Portugal) acontecesse o mesmo?


Suspeitos de afundarem finanças islandesas começam a ser detidos

Dois ex-directores do banco islandês Kaupthing, nacionalizado de urgência em 2008, foram presos esta quinta-feira. Mas a lista de possíveis detidos envolve mais de 125 personalidades, segundo a imprensa.

Os directores de bancos islandeses que arrastaram o país para a bancarrota em finais de 2009 foram presos por ordem das autoridades, sob a acusação de conduta bancária criminosa e cumplicidade na bancarrota da Islândia.

Os dois arriscam-se a uma pena de pelo menos oito anos de cadeia, bem como à confiscação de todos os bens a favor do Estado e ao pagamento de grandes indemnizações.

A imprensa islandesa avança que estas são as primeiras de uma longa lista de detenções de responsáveis pela ruína do país, na sequência do colapso bancário e financeiro da Islândia.

Na lista de possíveis detenções nos próximos dias e semanas estão mais de 125 personalidades da antiga elite política, bancária e financeira, com destaque para o ex-ministro da Banca, o ex-ministro das Finanças, dois antigos primeiros-ministros e o ex-governador do banco central.

A hipótese de cadeia e confiscação de bens paira também sobre uma dezena de antigos deputados, cerca de 40 gestores e administradores bancários, o antigo director da Banca, os responsáveis pela direcção-geral de Crédito e vários gestores de empresas que facilitaram a fuga de fortunas para o estrangeiro nos dias que antecederam a declaração da bancarrota.

Em Outubro de 2008, o sistema bancário islandês, cujos activos representavam o equivalente a dez vezes o Produto Interno Bruto do país, implodiu, provocando a desvalorização acentuada da moeda e uma crise económica inédita.



Fonte:
http://nrpcacine.blogspot.com

De manhã com os marmelos, à tarde com a castanha.



Depois de ter estado a manhã à volta dos marmelos, Marmelada, Geleia e Marmelo em Calda, à tarde foi passada a apanhar castanha.

Embora tenha aldrabado um pouco a receita, nas minhas condições atléticas não posso, por cada kg de marmelos colocar dois de açúcar, a verdade é que tenho a ideia de que não me saí mal.

Mas para o Magusto, a castanha é que já não vai faltar, o custo foi, mãos picadas.

Amanhã será dia da apanha da azeitona, varejo e poda da oliveira.

A vida no campo é assim.




Marmelada Branca

A marmelada branca "democratizou-se". É de todos, não tem dono. No ano de 2003, uma associação cultural começou a vender a 20 cêntimos a receita original, nas festas da cidade. O produto das vendas reverteu em favor do Círio dos saloios a N.ª S.ª do Cabo Espichel. Vendeu-se também na feira de artesanato, no pavilhão Polivalente. Está na Odivelas.com. Está neste Blog. O livro das receitas da última freira de Odivelas, foi publicado pela Verbo, exactamente com este nome. Portanto, é do conhecimento geral. Deixou de ser segredo, na posse de uma minoria.
Devo referir que o PCP de Odivelas sempre a teve à venda na festa do "Avante", tendo sido, por isso, um divulgador deste produto.
Há pormenores que devem ser cumpridos e chamo à atenção para eles:
1. - Cada marmelo que se descasca mete-se de imediato em água fria, para não escurecer pela oxidação;
2. - O açúcar é sempre o dobro da massa de marmelo;
3. - O açúcar tem de estar em ponto alto e tirar-se do lume para se lhe misturar a massa dos marmelos,
4. - Volta ao lume e não se deixa ferver. Logo que se levantem bolhas, tira-se do fogo,
5. - Bate-se até arrefecer, porque o calor escurece-a.

Força para um bom resultado; boa sorte, e não deixem de experimentar!
Ofereçam marmelada às visitas e aos amigos de fora. É a melhor publicidade.

Quem me ajuda?

Hoje tirei o dia para fazer a Marmelada, os Marmelos já estão cozidos, o açúcar está a ficar no ponto. Mais um pouco é só misturar a polpa com o açúcar e, ....... pronto!

Embora dê um pouco de trabalho, depende da quantidade isto é uma coisa que até se faz bem, mas este ano estou com um problema que nunca tinha tido.
Eu que sempre pensei que fazia a simples Marmelada de Odivelas, este ano não sei qual o nome que hei-de dar. Ela é de Odivelas, a receita é a do Mosteiro e por isso vai sair branca.

Como faço?

Aceito sugestões, sendo que vou optar por aquela cujo o binómio preço/utilidade seja o mais vantajoso.


29.10.10

Três cartoons "pifados"

We Have de Kaos in The Garden é um blogue diferente de muitos outros, ilustra cenas da vida politica de uma outra forma, dá preferência à imagem e muitas vezes consegue-o de forma brilhante.

Evidente que conforme nos dá mais jeito, podemos gostar mais ou menos da mensagem, mas concordemos que há umas que estão "bem apanhadas".

Hoje seleccionei três - O Tango de Catroga com Teixeira dos Santos, António Borges no FMI à Espera de Portugal e o Espelho de Cavaco. Se quiserem ver mais imagens basta clicar aqui.



O TANGO DE CATROGA COM TEIXEIRA DOS SANTOS.





ANTÓNIO BORGES NO FMI À ESPERA DE PORTUGAL.






O ESPELHO DE CAVACO


Lisboa esta manhã.



PSP só vê carro a entrar no Odivelas Parque...

Extraordinário.
Fantástico.
A respeito do furto ocorrido na manhã de ontem no Odivelas Parque, a PSP visionou as imagens da videovigilância do parque de estacionamento daquele espaço comercial.
E descobriu as imagens do automóvel a entrar naquele estacionamento.
Só não conseguiram ver o veículo a sair.
Mesmo que em escassos 10 a 15 minutos os amigos do alheio tenham substituído a(s) matricula(s) da viatura, qualquer investigação aturada e minimamente cuidada poderá permitir descobrir a saída do automóvel do parque de estacionamento.
Obviamente é difícil fazer peritagens em uma ou duas dúzias de minutos, mesmo que o objectivo seja dar uma resposta em tempo útil aos lesados.
É uma tristeza sabermos que também aqui, em matéria de segurança, o País atravessa um momento complexo em que parece andarem todos – políticos, chefias militares, autoridades e sociedade civil - a assobiar para o lado.
A segurança e pessoas e bens não está dissociada da segurança nacional e qualquer dia não se queixem que apareça um iluminado a questionar o regime.

José Maria Pignatelli

Até parece encomendada!

Sei que vão dizer que é diferente, que isto, que aquilo, mas a verdade está aqui nua e crua. É uma realidade bem diferente, mas também, bem portuguesa.

Acredito que isto é possivel e é por isto que luto para Odivelas!

Leiam bem e com atenção S.F.F. , vale a pena!




Ponte de Lima mantém política fiscal "amiga das famílias e empresas" apesar da austeridade.

A Câmara de Ponte de Lima, única no país liderada pelo CDS-PP, vai abdicar, em 2011, de mais de um milhão de euros em IRS e derrama, apesar do "corte significativo" nas transferências do Estado.

O presidente da Câmara, Victor Mendes, disse à Lusa, que, em relação a 2010, o Município vai receber menos 715 mil euros, mas no conjunto dos dois últimos anos o corte ascende a 1,2 milhões de euros.

"É muito dinheiro, mas felizmente o município de Ponte de Lima goza de uma saúde financeira que permite uma política de benefícios fiscais para cidadãos e empresas, que também atravessam dificuldades", referiu.

Ao abdicar dos 5 por cento do IRS, a Câmara deixa de encaixar 574 mil euros, enquanto que a não cobrança da derrama "custa" 500 mil euros aos cofres municipais.

Mas a política fiscal "amiga das famílias e das empresas" traduz-se ainda na não cobrança de IMT (Imposto Municipal Sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis)
para as empresas que se instalem nos pólos empresariais do concelho ou mesmo fora deles, caso seja considerado um investimento estratégico.

Taxas de licenciamento "das mais baratas do país" e não cobrança pela recolha do lixo são outros exemplos.

"Estamos em contra-ciclo com o resto do país. Por todo o lado se fala de aumento de taxas e impostos, nós reduzimo-los ou, em alguns casos, simplesmente os ignoramos", sublinhou Victor Mendes.

Para responder aos cortes nas transferências do Estado, o município de Ponte de Lima vai cortar essencialmente nas despesas correntes, como combustíveis, material de escritório, iluminação e alguns eventos, sendo certo que as despesas de pessoal também não vão sofrer qualquer acréscimo.

"Há concelhos que gastam 50 por cento dos seus orçamentos com despesas de pessoal. Aqui, são apenas 20 por cento", disse ainda Victor Mendes.

Lembrou que a Câmara de Ponte de Lima tem apenas quatro chefes de divisão, não tem directores de departamento, não há empresas municipais,
o presidente e os vereadores não têm cartão de crédito nem sequer motorista.

"Todos temos carta de condução, todos sabemos conduzir", atirou.

O município não tem endividamento, mas sim milhões de euros em depósitos a prazo.

Para Victor Mendes, é esta saúde financeira que permite ao Município estar ao lado das empresas e dos cidadãos neste momento de crise, "em que alguns atravessam grandes dificuldades".

Na Educação e no apoio social, a Câmara de Ponte de Lima não vai cortar, em 2011, podendo mesmo até reforçar as verbas para estes sectores.

Quanto às grandes obras, só avançarão as que tiverem financiamento comunitário garantido.

"Se não houver dinheiro, não há obra. Na certeza, porém, de que não será por falta de disponibilidade financeira do Município que perderemos um único euro que seja do QREN.


Assembleia Municipal de Ontem.


Serve este post, à semelhança de muitos outros que já aqui publiquei, para dar a conhecer o que na minha perspectiva, de mais relevante se passou na Assembleia Municipal de ontem.

Começando pelo mais importante para todos, a triste notícia é que o I.M.I. foi aprovado pelas taxas máximas previstas na lei, obviamente contando para isso com os votos favoráveis do P.S. e do P.S.D.

Ainda evoquei o caso do Município de Ponte de Lima, onde para além das empresas não pagarem Derrama, do IRS ser devolvido às pessoas, de se pagar aos fornecedores 20 dias depois data da factura e de ter uma quantia simpática aplicada nos bancos, ainda tem vindo a reduzir o I.M.I. nos últimos quatro anos. Infelizmente este apelo não resultou pelas razões que evoquei no P.A.O.D.

Não obstante esse facto, o consolo de passado um ano e depois de várias propostas apresentadas, naturalmente umas mais importantes que outras, o CDS-PP ter visto pela primeira vez uma proposta sua ter sido aprovada. É uma recomendação que propõe que seja estudado, por parte do Executivo Municipal, o impacto de uma eventual redução do I.M.I. em algumas situações.

Para além deste ponto, o único da Ordem de Trabalhos, o restante tempo foi dedicado ao P.A.O.D., onde fiz um a única intervenção, a qual faz um pequeno balanço daquilo que foi o primeiro ano deste mandato P.S./P.S.D.. O qual explica desde já porque é que todas as taxas que iremos aprovar nesta ordem de trabalhos irão ser aplicadas pelos valores máximos.

Também, porque sem que eu entendesse porquê, nem os deputados do P.S. o fizeram, o Deputado Armando Ferreira do P.P.M. resolveu, resolveu sair em defesa da Dr.ª Susana Amador. Para que não haja dúvidas estão aqui os meus esclarecimentos.

Medina Carreira em Odivelas (6)

Fiquei entusiasmado com o exemplo dado pelo Prof. Medina Carreira a respeito do empresário e grande investidor Alfredo da Silva que nasceu a 30 de Junho de 1871 que foi seu patrão na CUF, onde trabalhou.
Medina Carreira deu este exemplo para mostrar que nos falta em Portugal, investidores dinâmicos mas sobretudo pensantes que, naturalmente têm de conhecer a(s) politica(s) fiscal(ais) a prazo relativamente alargado dos países onde pretendem investir.
Antes de explicar o seu raciocínio o Prof. Medina Carreira acrescentou que um dos nossos maiores problemas é o projectarmos o trimestre imediatamente seguinte observando os resultados do trimestre que acaba de terminar e esclareceu de imediato «vistas muito curtas para quem depende fortemente das exportações, não regulamenta a procura, que pouco produz e quase apenas se dedica ao sector terciário, dos serviços».

Mas voltemos à CUF e ao empresário Alfredo Silva.
Medina Carreira explicou o sucesso:
A CUF começou por produzir adubos;
Depois percebeu que podia fazer as suas próprias embalagens… Passou a fabricar sacos;
Mais tarde, entendeu que podia ganhar o dinheiro do transporte das mercadorias que fabricava. Criou uma transportadora;
Depois começou a exportar para a Europa e os produtos tinham de viajar pelo caminho de ferro… Então a CUF mandou construir uma via-férrea até à rede ferroviária nacional;
A seguir as exportações começaram para fora do continente europeu... constituíram uma empresa armadora para ter uma frota marítima de transporte;
E como o volume de negócios atingiu proporções elevadas, abriu uma instituição bancária – o banco Totta & Açores;
De seguida, constituiu uma seguradora.

Para o professor estes investimentos têm de ser acompanhados com a capacidade de regular a procura (o mesmo que dizer o consumo) independentemente de integrarmos a Comunidade Europeia da livre circulação de pessoas, bens e produtos. Medina Carreira explicou que nenhum País Membro com uma indústria forte não deixa de proteger a sua produção mesmo de forma discreta sem beliscar com mecanismos comunitários.

Mas especificou que Portugal optou por se transformar num país de prestação de serviços, abandonou o seu sector produtivo, importa quase tudo o que consome e que portanto não pode:
Por um lado, regular a procura;
Por outro, promover o consumo como forma de agitar a economia nacional porque a maioria desse mesmo consumo significa saída de dinheiros do País.

José Maria Pignatelli

28.10.10

António Borges começou a falar.


Ontem em doi posts (Fumo branco, será hoje? e Orçamento de Estado - E agora, o que se segue?) falei da possibilidade do Governo ficar sobre a alçada de António Borges e hoje vem a primeira observação.

«Estamos de joelhos face ao BCE», diz António Borges. O novo director do FMI para a Europa realça a forte dependência de Portugal face ao Banco Central Europeu no que toca ao financiamento. (fonte: TSF).

Medina Carreira ontem em Odivelas (5)



"a semana passada fui à antiga CUF,
uma zona industrial antiga,
parece Campo de Ourique."


Medina Carreira ontem em Odivelas (4)


A minha conversa com o Professor Medina Carreira.

Depois de ter ouvido o Professor Medina Carreira considerar que o que se passa nas autarquias, em termos de endividamento e de obras para eleitorado ver, é uma pouca-vergonha, não podia deixar de intervir.

Na minha intervenção perguntei se conhecia Odivelas e se estava familiarizado com a situação do Concelho e do Município. A esta pergunta o Dr. Medina Carreira respondeu-me que não, ao que eu prontamente lhe disse: “aqui não se passa nada disso” (não fosse ele ficar a pensar que este era um concelho como a maioria dos outros – parecia mal!).

Pegando na resposta que tinha recebido, agora já de formas séria, fiz mais duas questões:

1ª) Como é que se pode acabar com essa pouca-vergonha nas autarquias?
Resposta: Quando acabar o dinheiro, isso acaba.

2ª) Quanto tempo pensa que vai demorar?
Resposta: ???

Medina Carreira ontem em Odivelas (3)

O Gráfico de Medina (Evolução do P.I.B.).


Talvez seja este o caminho...

"A fuga das galinhas

Um gestor vale mais do que quem salva vidas e cria (vários tipos) de riqueza como um médico ou um cientista? Qual é o dom especial que possuem para que ganhem muito mais que todos os outros? Não se sabe. Mas essa ignorância não altera os rendimentos.
Mesmo que os resultados empresariais derivem de uma extensa cadeia. Mesmo que todas as empresas devam ter um papel social. Pois é. Os nossos trabalhadores são dos mais mal pagos da Europa, mas os gestores são dos mais bem pagos. Um gestor alemão recebe dez vezes mais que o trabalhador com o salário mais baixo na sua empresa. O britânico 14. O português 32. Mas, segundo um estudo da Mckinsey, Portugal tem dos piores gestores. Logo, quando se fala em reduzir direitos e salários, a quem nos devemos referir? Lógico? Não. Dizem que os bons gestores escasseiam e é necessário recompensá-los. Senão, fogem do país. Ok. Então, é simples. Se são assim tão poucos, ide. Não serão significativos na crescente percentagem de fuga dos cérebros que estavam desempregados/explorados. Depois, contratem-se gestores alemães ou ingleses. Por lá, não rareia tanto a qualidade. Estão habituados a discutir não só ordenados mínimos como ordenados máximos. E sempre são mais baratinhos".

Joana Amaral Dias, Docente universitária
(Abril 2010/Pensar Alto)

Carro furtado no Odivelas Parque

A insegurança persiste no nosso concelho e particularmente nos espaços comerciais.
Esta manhã, por volta das 10h30 foi furtado um automóvel do piso -2 do estacionamento do Centro Comercial Odivelas Parque.
Sendo um crime público comum, este caso desperta para o que muitos defendem particularmente após a abertura de um posto da Polícia de Segurança Pública na superfície comercial Dolce Vita Tejo, já do lado do concelho vizinho da Amadora.
A partir de então, a insegurança e criminalidade de todo o género cresceu em Odivelas e o centro Odivelas Parque não foge à regra. O que mais se estranha é a relativa falta de meios disponíveis naquela superfície comercial onde se encontra instalada uma das maiores Lojas do Cidadão.
Mais ainda é do conhecimento público que até já ali ocorreram disparos com armas de fogo.
Volto a defender que os agentes da autoridade têm de ganhar o hábito de proceder à identificação dos eventuais prevaricadores quando são chamados aos locais onde ocorrem situações não contempladas pela legislação.
É fundamental referenciar quem as pratica ou seja passível de prática de ilícitos, sobretudo para se perceber questões tão simples que vão desde a situação social, às profissões que exercem e aos locais de residência.

José Maria Pignatelli

Medina Carreira ontem em Odivelas (2)

Casa cheia.

Medina Carreira ontem em Odivelas (1).

O Professor Medina Carreira esteve ontem em Odivelas onde teve casa cheia para o ouvir. Enunciou com grande clareza o problema do país e quais as suas causas.

Se o grande problema de Portugal reside no facto da evolução das despesas do estado, face ao PIB, terem evoluído nos últimos 50 anos de forma inversa, as causas são várias. Entre muitas destacam-se a destruição do sector primário e secundário (agricultura, pesca e industria), a degradação da educação, a justiça, a forma com o país está administrativamente organizado, a partidarite/interesses corporativos e a fraca qualidade dos políticos.

No final da palestra houve lugar a uma simpática sessão de perguntas e respostas, as quais serviram para que todos ficassem ainda mais esclarecidos quanto aos factos ali expostos.

Estranhei o facto, de entre quarenta Deputados Municipais, dez Vereadores e um Presidente de Câmara, que perfazem um total de cinquenta e um eleitos no Munícipio de Odivelas, eu ter sido o único a marcar presença; das três, uma:

- é sinal que o concelho e o país estão óptimo e tudo vai bem;
- é sinal que todos têm um elevado nível de conhecimento e nada para aprender nesta matéria;
- é sinal que a conversa não interessava a muita gente.

27.10.10

O peso do Estado paralelo - desacordo 1

O Partido Socialista não entendeu as propostas da comissão nomeada pelo PSD, liderada por Eduardo Catroga... O que não significa que não tenhamos orçamento.
Imaginem as duas últimas filas da bancada do PSD, onde se encontram alguns notáveis apoiantes de Cavaco Silva não cumprirem a disciplina de voto e viabilizarem o documento do governo(!?).
Mas mesmo que assim não seja pode governar-se por duodécimos e não vem mal ao Mundo que isso aconteça. Acredito mesmo que as agências de rating nem sequer se vão preocupar muito com isso.
Mais devo recordar que Eduardo Catroga teve de o fazer no último mandato de Cavaco Silva a primeiro ministro.
O País não fechou.
As questões de fundo são outras, muito mais preocupantes como a existência de uma espécie de um novo Estado paralelo, onde gravitam os institutos públicos, empresas municipais, e público-privadas regionais com clara desvantagem para o sector público... e cujos custos das obras que fazem vão ser pagas nas próximas duas e três décadas.
Depois, falta conhecer a realidade dos custos - e o que isso representa na despesa pública - do BPN e do BPP que se adinham representar mais de 3,5% do Produto Interno Bruto.
Sobre este assunto despeço-me com até já.
José Maria Pignatelli

Ao longe O MAR.



Orçamento de Estado - Comentário.


A minha opinião sobre este Orçamento de Estado já é conhecida, não a vou colocar aqui, de qualquer das formas não deixei de registar a de Fernando Martins, no O Cachimbo de Magritte, no post Sem Futuro, sobre todo este espectáculo que P.S. e P.S.D têm vindo a oferecer ao país.

Orçamento de Estado - E agora, o que se segue?


Por coincidencia, hoje, na hora em que se soube que P.S. e P.S.D. não chegaram a acordo para viabilizar o Orçamento de Estado, estava precisamente na Assembleia da República, acasos do destino!

Levanta-se agora a dúvida, teremos nova ronda negocial ou teremos definitivamente o FMI e Teixeira dos Santos, o desacreditado Ministro das Finanças, sobre a alçada de António Borges?

Fumo branco, será hoje?

Há vários dias que P.S. e P.S.D. andam reunidos à volta de um orçamento, hoje mais uma vez Teixeira do Santos e Eduardo Catroga sentam-se à mesa para o cozinhar, por isso legitimo perguntar se e hoje que sai da chaminé de S. Bento o famoso fumo branco. Embora o branco que de lá possa sair, seja bem escuro para todos nós, assim que começar a sair estamos fritos.

Porém, o mais engraçado, lembrou-me e bem o meu amigo PPM, no seu post O Dilema, é que se Teixeira dos Santos não se conseguir entender com Catroga, provavelmente terá que acatar as decisões do FMI e obedecer a António Borges.

26.10.10

Escalrecimento a um post e comentário.

Colocou a Professora Maria Máxima Vaz um comentário a um post que coloquei hoje aqui no blogue, no entanto e para que não fiquem dúvidas, deixo aqui um esclarecimento.

Propostas deste género continha e contem, mas no Projecto elaborado para o Natal, que faz parte do Projecto de Revitalização e Dinamização do Comércio local, esta sugestão era uma alínea menor e para além de envolver uma ou outra freguesia avulso, pretendia-se que envolvesse todas as freguesias do Concelho.

Coloquei aquele post e entendo que é uma boa iniciativa, ao tom de brincadeira de Natal, uma medida mais virada para o âmbito de uma dinâmica social, do que vocacionada para a dinamização do comércio.

Estas iniciativas não podem funcionar sozinhas, tem que ter mais umas quantas iniciativas paralelas para que ganhem dimensão e se diferenciem, aí é que está a questão.

Quanto ao facto da Câmara, ou melhor, de quem gere a Câmara ter uma visão facciosista, é de facto uma pena, pois quem perde são os odivelenses e o Concelho.


Medina Carreira: "Eu preferia uma dona de casa".

Outubro 2010.

Quem é que diz que não têm a pontaria afinada.


Olhem aqui uma excelente iniciativa.


Veio hoje anunciado, no facebook da Funta de Freguesia da Pontinha, a abertura das inscrições para o Concurso de Montras de Natal, que deverá decorrer no próximo mês de Dezembro.
Aqui está uma excelente iniciativa, no âmbito do projecto de dinamização do comércio local, suponho que da junta de freguesia da Pontinha, tal como também noticiado.

"Junta Freguesia Pontinha Pontinha
Concurso Montras de Natal 2010
No âmbito do projecto de dinamização do comércio local e, tal como nos anos anteriores, a Junta de Freguesia realiza o 9º Concurso de Montras de Natal, que decorrerá durante o mês de Dezembro de 2010. As inscrições encontram-se abertas até ao dia 22 de Novembro, para todos os Comerciantes da Freguesia.
Os interessados devem entregar a ficha de inscrição na sede da Junta de Freguesia no horário de expediente.
Efectue o download da Ficha de inscrição e do Regulamento do Concurso na pagina da Junta de Freguesia em:
www.pontinha.pt."

Lá se foi o polvo Paul.


Certamente com receio de ficar louco, caso o questionassem sobre o futuro de Sócrates, ou melhor, se Sócrates ou Passos, o famoso polvo Paul sucumbiu.

O. Estado - A mentira dos números.

Há dias num texto em que demonstrava o meu inequívoco apoio à direcção do CDS-PP pelo facto de ter anunciado que iria votar contra este orçamento de estado, enunciei 10 razões para justificar a minha posição, numa delas dizia:

Entendo que mesmo, com mais este aumento exagerado dos impostos, a receita fiscal possivelmente não crescerá. A recessão económica, o aumento do número de desempregados e o aumento da evasão fiscal para isso muito contribuirão.

Hoje chegou-me à mão um estudo que exemplifica o meu raciocínio, o qual foi tendo como base o sector dos ginásios e que passo a publicar:


O GOVERNO ESPERA ENCAIXAR MAIS RECEITA COM O AUMENTO DO IVA NOS GINÁSIOS?


Prepara-se um cenário catastrófico para os ginásios portugueses perante o anúncio das medidas do OE para 2011, nomeadamente em sede do aumento do IVA.

Já em Março de 2009, um estudo da Autoridade da Concorrência, efectuado sobre a Prestação de Serviços associados à prática desportiva em Ginásios, concluía que só o “encaixe feito pelas Empresas relativamente à redução na taxa do IVA” inverteu a situação de degradação da rentabilidade operacional dos ginásios que se cifrava, após a referida redução, em 17%. Com a absorção da eventual subida proposta pelo Estado esta rentabilidade passaria para 0.

O Governo pretende, nesta situação de crise económica, captar receitas neste sector dos ginásios por via do aumento da taxa de 6% para 23%.

Um estudo sumário mas muito concreto faz-nos concluir que a consequência será o inverso: uma despesa adicional de mais de 8.000.000€ para o Estado. Acrescem todos os inconvenientes, mais ou menos directos, que o desemprego e a diminuição da prática da actividade física acarreta, com o aumento óbvio das despesas no sector da saúde, conforme comprovam todos os estudos internos e internacionais.

Efectivamente concluímos por uma redução na frequência dos ginásios na ordem dos 15% (perspectiva optimista). Num cenário de família com 2 titulares contribuintes e 2 filhos, com rendimento de 25.000€ /ano, a diferença de rendimento será, de acordo com a proposta de OE, negativa em mais de 1.000€ . Facilmente se conclui pelo corte imediato em despesas com serviços que, embora de reconhecido mérito para a saúde, se entendem como secundárias.

Nesta perspectiva é a seguinte a nossa conclusão, baseada em números apresentados já em 2010 pela IHRSA (Associação Internacional do Sector) e IDP (Instituto do Desporto de Portugal):

Cada praticante pagará em média mais 84€ /ano.

Nota: Preço Médio de 2009 era 46€ /mês Preço após aumento do IVA proposto = 53€ /mês Diferença 7€ /mês X 12 meses = 84€.

As receitas do Estado acrescem em cerca de 9.000.000€
Nota: 84€ (diferença anual)x 600.000 praticantes = 50.400.000€ , sendo a base tributável de 40.975.609€ a que corresponde um IVA de 9.086.496€ .

As despesas do Estado vão aumentar em cerca de 17.000.000€
Nota: O sector emprega 9000 trabalhadores dependentes e 10.000 professores num total de 19.000 pessoas. Considerando uma redução por via da consequente redução do nº de praticantes prevista de 15%, poderá pôr em perigo cerca de 2.850 trabalhadores que passarão para o Sistema de apoio social do Estado a que corresponde uma despesa adicional de 17.100.000€ (2.850¬ trabalhadores X 500€ (subsidio de desemprego ou outro encargo) X 12 meses).

Pelo exposto acima conclui-se pelo referido aumento de despesas do Estado em 8.000.000€ , caso se verifique a aplicação da taxa normal de 23% contra a actual taxa de 6%, mesmo não levando em conta o aumento das despesas de saúde, de mais difícil quantificação, originado pela diminuição da prática da actividade física em Portugal, que o Governo reconheceu quando em 2008 expressamente confirmou a necessidade da utilização da referida taxa reduzida.

Fonte: AGAP (Associação de Empresas de Ginásios e Academias de Portugal); 22/10/2010.

Medina Carreira em Odivelas - Amanhã 21.00h.


25.10.10

Os Saloios 2

Deixem-nos vê-los sempre como ainda os vemos, subindo a Calçada de Carriche, sobre os seus burrinhos, ambas as pernas banboleando para o mesmo lado, aberto a todo o pano o enorme guarda chuva de varetas de baleia e cabo da grossura dum cabo de vassoura, findando em ponteira de reluzente latão e forro azul, com sua orla estampada de florinhas brancas; os pés folgados nas botas de grossa sola cosida e cano largo e curto, de couro amarelo com o carnal para fora. Elas, com as saias fugidas da terra um palmo, de beatilhas alegres,, os casaquinhos de chita clara, o maior e melhor lenço de ramagens caindo dos ombros em mantelete, cruzando as pontas à frente e entalando-as no cós da saia, o lenço da cabeça de uma cor unida e barra enramalhada, desatado sempre durante as caminhadas, atado logo, em nó solto sob o queixo à entrada na cidade. Eles com a justa calça e a jaqueta de bombazina ou serrubeco castanho amarelado, a camisa de cavalim muito branco, a cinta negra ou roxa de mil voltas, negro o barrete quase sempre, e algumas verde, orlado de vermelho....
Deixem-nos vê-los sempre, como ainda os vemos, desatrelar o gado das carroças à porta das estalagens e aliviar os burros da carga, pô-los à manjedoura, e depois de terem andado por casas e lojas de fregueses e freguesas, espalharem-se pelas ruas e travessas da sua predilecção, embasbacando diante das montras de ourives na Rua Nova da Palma, na tentação irresistível dos cordões e correntes de ouro, apalpando as fazendas penduradas à porta das lojas da rua dos Fanqueiros, considerando a grossura das solas e a flor do cabedal das botas que só para eles se vendem ali ao Arco do Marquês do Alegrete, ou então lá em baixo, aos Remolares e a S. Paulo, parados, de boca aberta, no Largo de S. Domingos, a entreter-se com o palavreado dos charlatães
que tratam de vender os seus sabonetes para tirar nódoas e os seus frasquinhos de remédio contra as dores de dentes e que toda a gente cai em comprar menos o saloio!... quebrando a enfadonha monotomia urbana com a rusticidade que se desfere da sua face morena e fortemente corada, em maçã camoesa, onde brilha o vivo olho de cereja preta; da paixão pela cor com que propendem para os vermelhos ardentes, os azuis luminosos, os amarelos açafroados, os verdes intensíssimos, na tinturaria das suas roupas; da simplicidade dos seus hábitos, em que só há amor ao trabalho, amor da saúde e amor da terra; da sua alegria... que enche de graça os arraiais saloios...
Tragam-nos o estrangeiro, mas não nos levem o saloio!...

Texto de Alfredo Mesquita publicado na Ilustração Portuguesa em 1907

Nota: o barrete verde era só para os rapazes solteiros.

Um Rumo na imprensa escrita.


Este post, "O Comércio Local esteve no Informalidades", mereceu ir, através do Nova Odivelas, para a imprensa escrita.


Ontem pela primeira vez, por impossibilidade pontual de o realizar no Centro de Exposições de Odivelas, o Informalidades realizou-se “fora de portas”.

Quem cedeu a casa foi o M.O.C. e desde já devo dizer que fomos muito bem recebidos, obrigado.

Para mim, que sou adepto de um Informalidades itinerante, isto é que seja realizado de forma rotativa em diversos locais, esta experiência veio reforçar esta minha convicção. Tivemos mais pessoas e isso é enriquecedor.

Aproveito para agradecer em meu nome pessoal (penso que de todos os meus colegas de painel, do Henrique Ribeiro e do David Braga também) a presença a todos os que estiveram ontem na assistência.

Como não podida deixar de ser, um dos temas centrais foi a Projecto de Dinamização e Revitalização do Comércio Local em Odivelas, o qual foi elaborado por um dos grupos do Pensar Odivelas.

Lembro que a Bancada do CDS-PP na Assembleia Municipal propôs na semana passada que fosse criado um grupo de trabalho para avaliar o Projecto e que essa proposta foi chumbada pelos partidos do poder, P.S. e P.S.D..

Não pude deixar de registar com agrado que todos os restantes membros do painel, ontem a Maria da Luz, o Pignatelli e o Vitor Peixoto, entenderam que se perdeu uma excelente oportunidade para estudar com profundidade este assunto, o qual, para além de ser económico, também é social. É que está em causa a sobrevivência de muitos comerciantes e de muitos postos de trabalho.
A assistência foi da mesma opinião, sendo que muitos se mostrar indignados por este chumbo.

Para além deste tema, foi abordado o tema da saúde, onde mais uma vez veio à tona as promessas não cumpridas (novos centros), as cerca de 57.000 pessoas sem médicos de família, as más condições dos centros existentes e a inexistência de médicos de especialidade.

Incontornável foi também a inauguração do novo Pavilhão Multiusos, o qual em conjunto com a Escola dos Apréstimos vai representar um custo de 140.000,00 euros mês, ou seja 4.666,00 dia, durante 25 anos.

e a Ricardina também não.

Fonte: Nova Odivelas

Nem a Guarda Real deixou de comentar.

Fonte: Nova Odivelas.

Ainda sobre a Justiça - Como é possível?



No seguimento do post que coloquei há momentos e porque fiquei estupefacto ao ver agora esta notícia, "Sindicato dos magistrados do MP sugere que Governo manipulou relatório sobre Justiça", não podia deixar de voltar ao assunto.

Como é que podem o juízes levantar esta dúvida, é que com esta dúvida por parte dos juízes, levanta-se automaticamente a questão no sentido inverso, ou seja, será que os juízes por vezes, também são manipulados?
E a esta questão sucedem-se muitas outras: Quando? Em quê? A que propósito? Com que objectivos? Quem o faz?




Justiça - O problema que ninguém quer resolver, nem sequer falar.


Sem justiça não há responsabilização, sem responsabilização não há democracia, economia ou sociedade que resista. Sem justiça reina a vigarice e a anarquia, safam-se os chicos-espertos e os vigaristas; lixam-se os sérios, cumpridores, honestos e os mais desfavorecidos.

A demora na resolução dos problemas, os elevados custos e a desconfiança dos portugueses no sistema judicial há muito que é do conhecimento de toda a classe politica, mas teimosamente a classe politica continua a assobiar para o lado, teima, talvez por temer, em resolver este problema, o qual por ventura até estará, se fizermos uma análise mais profunda, na base desta dita crise.

Hoje, na Eslovénia será apresentado mais um estudo, o quarto relatório da Comissão Europeia para a Eficácia da Justiça (CEPEJ), que mais uma vez coloca a nú a nossa situação:

- No indicador da capacidade de encerramento de casos pendentes, Portugal regista o segundo pior desempenho, só atrás da Itália.

- Portugal é um dos países europeus com mais profissionais de justiça - particularmente advogados e procuradores.

- os vencimentos de juízes no topo da carreira são, em comparação com os salários médios nacionais, mais elevados que em muitos dos 47 membros do Conselho da Europa;


- Portugal é o país da Europa com mais advogados por juiz (14,5) e o terceiro com mais procuradores.

A Justiça é quanto a mim (já há muitos anos que considero), o maior problema de Portugal, por isso questiono:

Quanto mais tempo vão os nossos políticos continuar a assobiar para o lado?

Marmelada branca

Porque um comentador faz esse pedido, aqui fica a receita, incluindo o título, tal como a deixou escrita a última freira do mosteiro de Odivelas.

MARMELADA BRANCA

"Vão-se esbrugando os marmelos e deitando-os em água fria. Põe-se a ferver em lume forte, estando bem cozidos se passam por peneira. Para 1 medida de massa 2 medidas de assucar em ponto alto de sorte que deitando uma pinga n´ agoa coalhe: tira-se o taxo do lume e se lhe deita a massa muito bem desfeita com a colher; torna ao lume até levantar impôlas tirasse p.ª fora e se bate até esfriar, para se pôr em pratos a secar."

A receita está manuscrita com esta ortografia, que eu quis conservar, embora hoje não se escrevam assim alguns termos.
Só haverá um termo que teremos de explicar: "esbrugando" quer dizer "descascando".

Se seguirem todas as normas deixadas nesta receita, obterão marmelada com uma cor mais clara que a marmelada vulgar. Não deixem passar despercebidos pequenos pormenores, porque neles está o sucesso.
A pontuação também nem sempre lá está. Calcula-se.

Se alguém dominar a técnica de colocar aqui o texto manuscrito, eu disponibilizo-o para esse efeito e poderão confirmar.

Um tiro no comércio

Hipermercados autorizados a abrir nas tardes de domingo.

E, por exemplo a Sonae nos Continente aproveita para oferecer 10% de desconto sobre qualquer produto a incluir no cartão da marca.

Extraordinária operação de marketing para quem entende que as receitas de domingo são uma maior valia no prestigio do que mera operação financeira. Joga-se o poder no seu maior expoente e convida-se a comunicação social a aplaudir o acontecimento.

Também aqui engavetamos a nossa liberdade e a dos que investiram uma vida num comércio cujas saídas são cada vez menores por maior empreendedor que se possa ser.

Por mais engenhosos que sejam os patrões do comércio local de porta aberta para a rua, é difícil contrariar as estratégias de marketing da grande distribuição ou seja das grandes superfícies comerciais.

O legislador ou não percebe ou nem quer ouvir falar nisso. Naturalmente que devemos estar do lado da livre concorrência, mas porventura de uma liberdade que deverá ser devidamente regulamentada.

Se uma empresa como a Sonae negoceia preços e prazos de pagamento ajustados à grandeza que tem, milhares de furos acima da loja de rua, com a possibilidade de poder estar de portas abertas todos os dias cerca de 13 horas, deixa o pequeno lojista atado de pés e mãos obrigado a investimento bem maior se pretender concorrer – mais salário para maior tempo de mão-de-obra, mais consumo de electricidade e stock mais actualizado a obrigar maior trabalho de logística e claro de esforço publicitário.

Depois na grande superfície encontramos lojas de quase tudo, enquanto na rua arrisco a encontrar uma meia dúzia de lojas abertas e metade do ramo da restauração. Também na rua temos maior dificuldade em estacionar o automóvel ao invés das grandes superfícies onde esses espaços estão garantidos e quase sempre gratuitos.

José Maria Pignatelli

Crise, qual crise?

Verificação ortográfica
Este fim-de-semana solicitaram-me que fizesse parte da delegação oficial do CDS-PP ao congresso da FAUL que se realizou em Odivelas. Lá, à semelhança do que tenho ouvido muitos socialistas afirmar, também ouvi aquela máxima, "estamos assim por causa da crise mundial".

Esta é a mentira que se tenta passar. Nós estamos assim, não por causa da crise internacional, mas por causa da incompetência dos nossos governantes, vejamos o que disseram das medidas adoptadas pelos alemães aquando do inicio da crise e o resultados que eles agora estão a conseguir:

Depois de o Governo alemão ter informado, na semana passada, que reviu em alta a sua previsão de crescimento económico para este ano, de 1,4% para 3,4%, a ministra do Trabalho revela agora que a taxa de desemprego no país descerá para o nível mais baixo desde 1990.


Morre uma criança a cada 6 segundos


No planeta, a cada 6 segundos que passam há uma criança que perde a vida por fome. Exactamente, morre um menor em cada 6 segundos que passam porque não tem nada para comer nem água para beber.

Quantos de nós pensamos nisto uma única vez que seja durante as 24 horas do dia?

Este fim-de-semana as competições do futebol em vários países associaram-se à luta contra a fome.

Só ninguém percebeu de que forma:

- Se são os clubes a prescindir de parte da receita;

- Ou os jogadores dos maiores clubes dos prémios ou percentagem dos chorudos vencimentos que auferem mensalmente e ainda por cima nem sempre declarados para poderem ficar isentados dos impostos... essa coisa horrível que só os menos abonados e os que trabalham por conta de outrem devem pagar para que a sociedade seja realmente mais justa.

Como operação de marketing resultou em cheio: o prestígio de alguns cresceu.

Falta saber se este esforço vai chegar ao destino.

Tenho imensas dúvidas. Sou um dos imensos testemunhos de que apenas 10, 15, 20% no máximo da ajuda humanitária chega ao destino.

Aliás, andam por aí candidatos à Presidência da República Portuguesa que sabem disto perfeitamente e, muitas vezes armam-se em meninos de coro como se não tivessem tentações em pecar. Às vezes passam minutos aos gritos para que a alma se lhes alivie.

Oxalá venhamos a conhecer os resultados práticos desta jornada contra a fome e quantas crianças deixaram de morrer por cada 6 segundos e porquanto tempo foi possível garantir?!


Já agora perdoem-me os egoístas dos mais abonados que mandam fazer panelas de cozinha com pegas em ouro e ornamentos em diamantes ou automóveis banhados a prata... É que 1,5% do PIB dos países mais ricos dava para reduzir a fome planetária a mais de metade, todos os anos.


José Maria Pignatelli

O CDS/PP e Orçamento 2011.


De facto entendo, já há muito tempo, que o Eng.(?) José Sócrates, não tem credibilidade, nem competência para continuar a governar e muito menos para ser a solução que o país necessita para sair da crise para onde ele próprio o conduziu.

Por outro lado, entendo que este orçamento é mais uma mentira e que para além do enorme sofrimento que vai provocar junto das pessoas mais desfavorecidas, em nada mais vai resultar. A despesa não diminuirá e a receita não aumentará.


24.10.10

Marmelada sem estratégia

Com maior ou menor rigor relativamente à receita original, já temos mais produtores de marmelada na cidade de Odivelas.
À Faruque juntam-se as pastelarias El Rei D.Dinis e Viriato.
A receita, essa encontra-se publicada no livro das receitas da Madre Paula... Mas aqui a questão prende-se com a tentação da industrialização de um produto que tem de ser necessariamente tradicional, groumet como se diz modernamente.
Não poderá haver lugar à varinha mágica para passar a polpa do marmelo a massa.
Não basta o paladar.
Nestes produtos a textura é essencial - é mesmo o que faz a diferença o que lhe dá a realidade dos tempos idos.
Mas estas marmeladas de 2010 encontram outra curiosidade. Vivem na encruzilhada de não estarem agarradas à Marmelada Branca de Odivelas da associação de Comerciantes de Loures e Odivelas apadrinhada pela Câmara Municipal de Odivelas ou terem o estatuto de Marmelada do Convento de S. Dinis de Odivelas da Confraria da Marmelada de Odivelas.
Estamos perante uma enorme confusão que se pode eternizar para mal de todos, para que continuemos a ter confeitarias industriais a fazê-la e colocar-lhe a chancela "Marmelada Tipo Odivelas"...
Será isso que se pretende?
A este rrespeito e a um texto deste blogue assinado por Miguel Xara Brasil li um interessante e oportuno comentário de Paulo Bernardo e Sousa, um dos muitos confrades e amante da marmelada que passo a transcrever:

«Importante será entender que a Marmelada de Odivelas, não é nem do fulano A, nem da entidade B. Revelaremos tanto maior inteligência quando entendermos que neste mundo global, em que a qualidade é medida pela mais-valia que uma diferença pode realçar, a Marmelada de Odivelas pode e necessariamente terá de ser um dos elementos charneira / produtos-motor de uma economia sustentada por bens culturais.
Como esta (a Marmelada), outros produtos se poderão seguir: a doçaria conventual, a cultura castreja e os achados do período proto-histórico e pré-histórico. Enfim...
Que à mesa da Marmelada de Odivelas, muito desenvolvimento económico e social estará na génese de muitos repastos.
Pena tenho que havendo um tão estreito conjunto de mais-valias neste concelho, não sejam estas potenciadas com uma visão e planeamento estratégico.
Receio que as querelas mais ou menos pessoais, que as tentações de "quinta" e que as ocas vaidades se possam de novo sobrepor a esta hipótese de desenvolvimento que os nossos egrégios avós nos legaram. Seremos nós merecedores desses egrégios avós e do ADN que nos transmitiram? Pensemos nisso...»

e agora um Pocker à moda de CR7.

O resultado de juntar o melhor jogador e o melhor treinador do Mundo parece que está dar resultado.



Os Saloios

A ti´Zefa Caroca que lava a nossa roupa na ribeira do Jamor; o Grigoiro Nabiço que nos traz o pipo de vinho branco de Colares; o Manel Bombante que nos vende o pão da Porcalhota, de farinha trigueira; a Maria Rebola que nunca nos falta com os queijinhos frescos; a Elisa Madruga que é certa com o cesto de ovos da Idanha; o J´aquim Pataruca que não chega para as encomendas com a sua manteiga de Sintra; o Dionísio Balata que nos acarreta a bilha de água de Caneças, - são todos netos dos moiros a quem o primeiro rei Afonso filhou Lisboa, tornando-a cidade cristã e correndo com eles para o arrabalde.
Marcou-lhes bairros inteiros ao redor da colmeia cristã. E aí lhes consentiu leis e costumes, só querendo que ajudassem a cultivar a terra e que cada qual pagasse um certo tributo a que se chamava "salaio". Daí se entrou a chamar salaios a quantos moiros forros por cá ficaram e se espalharam por vielas, hortas e casais que formavam as moirarias. Depois, com o tempo e a corruptela, salaios passaram a ser saloios, e saloios ficaram sendo todos aqueles que ainda hoje o são:netos de moiros, quer queiram, quer não.

texto de Alfredo Mesquita 1906

nota - compete-me informar que o escritor estava enganado, pois não é esta a origem da palavra saloio. Oportunamente informarei.