Fez hoje, 25 anos. Eu estive lá! Ligaram-me
ainda ao final da madrugada.
A redacção do «Primeiro de Janeiro»
era no início da Rua do Carmo junto à Rua 1º de Dezembro, precisamente à
entrada do Chiado.
Estive à porta do Inferno!
Vivi horas em que senti a pequenez
que somos.
Cada minuto, mais parecia uma
eternidade.
O fogo parecia multiplicar-se. Não
dava descanso. Os bombeiros inventavam e reinventavam posições de combate. As
chamas pareciam saídas do inferno. Faziam verdadeiros “desenhos” em volta dos
prédios e que trepavam dezenas de metros, para tapar o céu.
Ainda o fogo estava distante da
dimensão total – estava a nascer o Sol – quando um bombeiro com mais de 20 anos
de carreira, aproximadamente 45 anos de idade, me suplicou, em plena rua 1º de
Dezembro: «ajoelhe-se aqui comigo; percamos dois minutos, para orarmos a Deus».
Com titulava o Diário de Notícias
acontecia «Um vulcão de labaredas...».
Uma impotência confrangedora, muito
mais sentida que o medo ou do que o bafo de calor inacreditável que senti no
corpo e quase me deixava sem respirar.
Cheguei a temer por dezenas de vidas.
Os bombeiros não conseguiam entrar com os veículos na Rua do Carmo, à data reservada exclusivamente à circulação de peões - ornamentada com canteiros em betão de proporções maiores -, aliás uma obra da Câmara Municipal de Lisboa, bonita à vista, mas polémica por isso mesmo. Por diminuir a acessibilidade dos meios de socorro em caso de sinistro.
Foi um dos dias em que no exercício da minha profissão de então – a de jornalista – me caíram as lágrimas. Sem vergonha.
Jamais esquecerei.
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