Todos os anos por esta altura, lamentavelmente, somos inundados
por fotografias/imagens na comunicação social, onde espelham a desgraça que os
fogos desencadeiam de norte a sul do nosso país.
Sem querer abordar as várias formas de se evitar esta
situação, uma delas passa, pela conjugação de esforços, cooperação entre as várias
entidades.
Ao contrário do que diz o Ministro da Administração Interna,
continuamos a ser um país, onde, cada qual defende a sua “quinta”, e onde, de
facto as entidades com responsabilidades, nada fazem.
Há pelo menos 10 a 15 anos que a Dra. Cristina Soeiro (PJ)
tem desenvolvido um estudo sobre o perfil psicológico do incendiário. Por uma questão
de ética profissional, não devo julgar a qualidade desse trabalho, até porque
não o conheço.
Uma coisa é certa, hoje estamos com mais elementos para que,
num curto espaço de tempo possamos prender os incendiários. Tal como tem acontecido.
O problema está no decorrer do incêndio, e aí, toda a
comunicação social tem responsabilidades.
Aquilo a que denominam por
responsabilidade e dever de informar, neste caso, pauta-se por, no mínimo, de
pouca inteligência na forma como dão as notícias, e por outro, um incentivo aos
impulsos de alguns que estão encapsulados. Se quiserem, funciona como uma
espécie de carburante.
Quer seja em jornais ou Tv, as imagens, na sua tonalidade
emocional, potenciam-se, isto é, tanto têm de belo como de
assustador e, ao mesmo tempo, sinónimo de desgraça. Mas é aqui que, em minha opinião, está a
quota-parte de responsabilidade da comunicação social.
No dever de informar, sem esconder a realidade, podem efectuar
transmissões em directo sem focar o verdadeiro cenário de operações, sem
mostrar as labaredas a engolir floresta, em especial de noite, onde, em termos
cénicos, resultam em fotografias fantásticas.
À comunicação social, apenas importa fazer a reportagem mais espectacular.
Agora vamos reflectir um pouco. Para o incendiário, de entre
muitas coisas, das quais resultam na sua débil e pouco organizada estrutura
mental, a comunicação social dá-lhe, por assim dizer, a “cereja em cima do bolo”.
Para o incendiário (não o Homem normal) aqueles momentos são
de uma beleza impossível de descrever, podemos até dizer que são momentos
verdadeiramente sublimes. Nada melhor para disfrutar de tais momentos do que, e
se não pode estar no local, ficar em casa a assistir, quase em directo, às
fantásticas imagens que passam em todos os canais, num claro concurso para a
melhor imagem.
Se me permitem, as imagens transmitidas colocam o incendiário
no seu mundo, um mundo do maravilhoso, governado pelo princípio de prazer, na
produção ilusória, onde ele, efectuas as suas identificações heróicas, num
claro processo de compensação narcísica insuflando o seu Ego frágil e pouco
estruturado na plena condição de “desejar
ser…”.
Para terminar, façam uma verdadeira conjugação de esforços,
entidades privadas e Governamentais, elaborem estratégias, falem com quem sabe
do assunto, não pensem apenas no espectáculo da reportagem, de forma a que, seja impossível chegar o brilho (importância) a quem tanto o anseia, ao
incendiário.
E já agora se me permitem, está na altura daquela figura
circense, a quem um dia lhe chamaram de palhaço, condecorar todos os BOMBEIROS
deste país e deixarem as palavras de cortesia às famílias enlutadas.
Helder Pereira Salvado
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