21.4.13

A HISTÓRIA DO FECHO DO INSTITUTO DE ODIVELAS


A solidariedade institucional de alguns políticos tem um preço
O encerramento do Instituto de Odivelas decretado pelo ministro da Defesa, Aguiar-Branco, e toda a polémica que levanta nos mais variados sectores da vida política e social, quer local, de Odivelas, quer ao nível nacional, faz-me regressar ao passado não muito distante. Os verdadeiros interessados - alunas, pais, professores e funcionários - devem saber com quem estão a lidar. Desde a primeira hora, que sou frontalmente contra o encerramento da instituição, mas possivelmente numa óptica mais egoísta porque estou consciente do que isso representará de negativo, a curto prazo, para a cidade de Odivelas e para o seu centro histórico.
Para o poder político instalado no concelho, uma espécie de coligação governativa entre o PS e o PSD, foi produtivo o reinado da antiga directora do Instituto de Odivelas, porque só abria a instituição à comunidade exterior para os eventos da Câmara Municipal, muitos deles de pura propaganda.
Em boa verdade, o estabelecimento abriu as portas à comunidade odivelense em geral, com o coronel José Serra, responsável pela instituição há cerca de dois anos, que jamais se envolveu em questões político-partidárias, numa clara oposição ao desempenho da sua antecessora. José Bernardino Serra fez mais: motivou funcionários, alunas e até professores para isso mesmo.
Em menos de dois anos, aconteceram mais eventos no Mosteiro de Odivelas que em décadas. Mas certamente esta abertura ao exterior, a que se juntam outras ideias novas (criação do ensino básico, lar para alunas universitárias, maior divulgação da escola nos países de língua portuguesa...), chegou tarde. As chefias militares também não estão isentas de culpa. Durante anos, esqueceram-se dos três estabelecimentos militares de ensino.
Mas voltando a Odivelas. O início do fim do Instituto de Odivelas terá começado com a venda do palacete da chamada Quinta do Espanhol à Câmara Municipal. O tal prédio que custou quase 1 milhão de euros a todos nós contribuintes, e se encontra completamente abandonado, degradado e com uma recuperação que será cada vez mais difícil de fazer.
Recordo, que então, os proprietários despejaram a associação das Antigas Alunas para poder vender o palacete à Câmara de Odivelas. Aquela associação de antigas alunas acabaria por construir um lar de excelência dentro de um ‘gueto’, entre paredes de um edifício militar em Carnide. Um erro histórico, porque o estabelecimento devia ter nascido dentro da Quinta do Mosteiro de Odivelas que tem quase 6 hectares e espaço de sobra, para que qualquer instituição de apoio social possa crescer. Hoje, era um trunfo a jogar em cima da mesa do Ministro da Defesa.
Mas não fico por aqui: lembro-me que o actual executivo da Câmara Municipal (os vereadores do PS e PSD) não apoiou uma iniciativa, traduzida numa petição, para a abertura ao público das partes monumentais do mosteiro aos sábados, Domingos e feriados. Até recordo que a Presidente da Câmara se apressou a fazer um acordo com a antiga directora do Instituto de Odivelas para abrir aquele mosteiro, quinzenalmente aos domingos num horário reduzidíssimo. Com esta proposta da Presidente da Câmara seriam precisos 100 anos para que todos os odivelenses visitassem o espaço. Tristemente, o resultado desta petição só produziu efeitos práticos na Assembleia da República, faltando ainda a aprovação da recomendação ao Governo para que ser torne efectiva.
Também não foram tornadas públicas as propostas a concurso para a revitalização da zona histórica da cidade de Odivelas, onde naturalmente o Mosteiro de S. Dinis e S. Bernardo terá de ser equacionado. Não nos podemos esquecer que este tema fez parte da propaganda socialista nas últimas eleições autárquicas em 2009. Passados quase 4 anos, ninguém conhece as propostas. Sabe-se apenas que o Executivo da Câmara decidiu-se por uma proposta que nem sequer incluía quaisquer maquetas.
É muito relevante que os pais, alunas, professores, funcionários do Instituto de Odivelas tenham cuidado com alguns dos agentes políticos do concelho, cuja defesa do Instituto de Odivelas apenas lhes dá jeito, por estarmos em ano de eleições autárquicas. A solidariedade institucional tem um preço!
Por exemplo, seria importante ouvir declarações feitas por um vereador com pelouro, do PSD, que declarou, recentemente, numa reunião do Executivo camarário pública que o Instituto de Odivelas era uma «escola privada, apenas para gente rica», numa clara concordância com a decisão do Ministro da Defesa. É por estes acontecimentos que apelo a que todos os munícipes participem nas reuniões públicas do Executivo camarário que acontecem uma vez por mês e cujo calendário se encontra publicado em www.cm-odivelas.pt
 

2 comentários:

Guida disse...

Há algumas incorreções neste texto:
1) o palacete não pertencia ao IO, mas a uma família particular. A CM Odivelas comprou o palacete a esses particulares, não ao IO.
2) As ideias novas... não são propriamente novas.
a. O Lar para universitárias sempre existiu. Esteve parado e vai ser reativado este ano.
b. A escola primária existiu no início do IO, muitas são as nossas colegas mais antigas que entraram para o IO com 6 anos para a escola primária.
3) A divulgação junto dos países de língua portuguesa - junto de alguns, pois por exemplo, existe há décadas uma grande ligação com a Fundação Osório do Brasil.
No entanto, a AAAIO apoia vivamente o reativar quer do lar para universitárias, de que tantas AA usufruíram, contribuindo ao mesmo tempo para o IO com apoio aos estudos e às camaratas, e do 1º ciclo. Vê também como bons olhos o estreitamento das relações com os países africanos de língua portuguesa, uma mais valia de peso nas relações diplomáticas e económicas com esses países.
4) A Casa Nova da AAAIO não está instalada num “gueto”. Está realmente no Quartel da Formação do CM, ao Largo da Luz, mas daí um gueto ainda vai uma grande distância.

Anónimo disse...

Há várias incorreções neste texto:
1) o palacete não pertencia ao IO, mas a uma família particular. A CM Odivelas comprou o palacete a esses particulares, não ao IO.
2) As ideias novas... não são propriamente novas.
a. O Lar para universitárias sempre existiu. Esteve parado e vai ser reativado este ano.
b. A escola primária existiu no início do IO, muitas são as nossas colegas mais antigas que entraram para o IO com 6 anos para a escola primária.
3) A divulgação junto dos países de língua portuguesa - junto de alguns, pois por exemplo, existe há décadas uma grande ligação com a Fundação Osório do Brasil.
No entanto, a AAAIO apoia vivamente o reativar quer do lar para universitárias, de que tantas AA usufruíram, contribuindo ao mesmo tempo para o IO com apoio aos estudos e às camaratas, e do 1º ciclo. Vê também como bons olhos o estreitamento das relações com os países africanos de língua portuguesa, uma mais valia de peso nas relações diplomáticas e económicas com esses países.
4) A Casa Nova da AAAIO não está instalada num “gueto”. Está realmente no Quartel da Formação do CM, ao Largo da Luz, mas daí um gueto ainda vai uma grande distância.