19.4.13

HÁ FUNCIONÁRIOS DOS CTT A TRANSPORTAREM VALORES ACIMA DOS 120 MIL EUROS



 
EM SETÚBAL, FORAM ROUBADOS 120 MIL
MAS NUMA SÓ ESTAÇÃO DOS CTT PAGAM-SE MAIS DE 250 MIL EUROS NUM SÓ DIA DE REFORMAS E OUTROS SUBSÍDIOS DA SEGURANÇA SOCIAL
 
Primeira página do 'CM' de 10 de Abril
Há estações do Correios de Portugal que pagam reformas e outras subvenções da Segurança Social como o RSI (rendimento social de inserção) todos os meses. Estes pagamentos ocorrem em dias certos e as estações dos CTT que habitualmente o fazem socorrem-se da dependência do banco mais próximo para terem dinheiro em caixa. As quantias são elevadas porque nem todas as estações se encontram dispostas a fazer estes pagamentos.
A manchete da edição do Correio da Manhã, do passado dia 10 de Abril, dava conta de um assalto a funcionários dos CTT, em Setúbal, que rendeu 120 mil euros. Segundo as notícias, tratou-se de um golpe cirúrgico eventualmente de quem tinha recebido informação privilegiada sobre o transporte do dinheiro. Este detalhe leva agora as autoridades a investigar tanto os funcionários dos CTT que então transportavam o dinheiro como da dependência bancária onde foi levantado aquele montante. Eles são suspeitos de terem informado os assaltantes. Será esta uma possibilidade a examinar. Claro que se devem encarar todas as circunstâncias.
Mas porventura, as autoridades devem antes ser informadas que esta é uma prática recorrente em algumas estações dos Correios de Portugal, ou seja há funcionários dos CTT que percorrem a pé ou de carro, 100 e 200 metros transportando quantias verdadeiramente exorbitantes, muitas vezes superiores aos 120 mil euros furtados no passado dia 10 de Abril, em Setúbal. E seguramente isto não acontece por acaso, por iniciativa dos funcionários, nem tão pouco pelo empenho dos chefes de estação. Alguém superior nos correios o manda fazer e, se isso acontece é porque certamente se confia nos trabalhadores.
Mas o mais grave é que há demasiadas pessoas a saber destes transportes de dinheiro feitos nas algibeiras e em envelopes ou pastas. Sabem-no clientes e funcionários dos correios e dos bancos.
Uma vergonha!
Colocam-se vidas em risco para não pagar a uma empresa de transportes de valores!
150 Mil ou mais euros são apetecíveis aos amigos do alheio, sobretudo num momento em que a crise é transversal e mais ainda quando se encontram debaixo das nossas barbas, à distância de um estalido de dedos.
Recentemente, abordei esta questão com um alto responsável dos CTT, precisamente sobre o que se passa numa das estações de Odivelas, a única que aceita fazer estes pagamentos num raio superior a 10 quilómetros. Chega a fazer embolsos destes numa quantia superior a 250 mil euros num só dia.  E o dinheiro é levantado no banco e transportado por funcionários dos CTT, vulneráveis, sem qualquer segurança. Aliás, nos dias destes pagamentos, nem sequer se está por perto da estação dos correios um agente da PSP, nem mesmo em serviço gratificado.
O golpe de Setúbal deve servir de exemplo, particularmente aos trabalhadores que se dispõem a fazer o transporte de tanto dinheiro. É que agora, ao fim de o fazerem tantas vezes, de terem viajado com centenas de milhares sem que nada tivesse sucedido, encontram-se no fio da navalha da investigação policial que, oxalá seja competente e não enverede pelo caminho mais fácil.
Este deverá ser um sério aviso às mulheres e homens que trabalham nos CTT e que fazem habitualmente estes transportes a pé ou de carro sem qualquer segurança, para descanso de outros que, à boa maneira portuguesa, sacodem a água do capote num momento de aflição dos seus subordinados que foram verdadeiramente lançados às feras. Por exemplo, em Odivelas, há demasiadas pessoas que são conhecedoras destes transportes, tão-só porque não é possível evitar quem veja.

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