2.2.06

GENEROSIDADE.

Estava a pensar, já com o papel e caneta na mão, sobre que tema é que ia escrever quando meu filho de 9 anos chegou a casa.

Entrou a correr todo contente com um bocado de bolo na mão que a minha mãe lhe tinha oferecido, o preferido dele, e disse com grande felicidade:

- Pai, a avó deu-me um bocado de bolo de laranja, vamos todos come-lo.

Era mesmo só um bocado, por isso e por ver a alegria com que ele estáva em ir partilhar o seu bocado de bolo com todos nós resolvi escrever sobre generosidade.


“Hoje em dia ninguém dá nada a ninguém.”

Não sei se é só hoje em dia, a expressão indica que sim; o que sei é que cada vez mais se ouve esta expressão, que a mesma é empregue cada vez com mais naturalidade e frequência, a tal ponto que “parece” ter-se tornado num sentimento generalizado.

No entanto, se esta expressão demonstra um sentimento generalizado, outras há, como por exemplo, daqui ninguém leva nada, ou aqui ninguém dá nada a ninguém, as quais são ditas com a mesma frequência e que demonstram já uma aceitação de quem as profere, como se de um “feito” se tratasse.

É pena e é triste!

Parece-me que o que está aqui em causa é a generosidade.

Está em causa, não só, porque cada vez estamos mais egoístas e materialistas, mas também porque cada vez temos menos amor e respeito pelo próximo. O mais grave, quanto a mim, é que esta falta de generosidade parece estar a alastrar-se de forma contagiosa por toda a sociedade e quem não sabe dar, também não sabe receber; todos nos achamos credores e ninguém se acha devedor.

Curioso(!), quando era mais novo ouvia assiduamente a seguinte expressão:

“o difícil não é dar, é saber dar”.

Por ventura ainda há quem utilize esta expressão, mas se calhar é utilizada na proporção inversa aquela que em cima referi e reparem na diferença entre ambas, é tão grande. Já não estamos a discutir se sabemos dar, estamos a discutir se damos.

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