Bonita reflexão esta que o meu amigo Carlos nos convida a fazer, a qual ganha mais força e simbolismo por estarmos a entrar na época do Advento.
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Um conto de Natal
Observando de fora, vemos com nitidez que o mundo católico, por muitas razões, anda baralhado e pouco seguro. Dos seus valores, das suas orientações e dos seus símbolos. Enquanto que, por outras partes do mundo, os crentes de outras fés cerram fileiras e centram as suas prioridades no que verdadeiramente interessa, vemos os cristãos, pelo menos os do ocidente, a resvalarem com toda a tranquilidade e com total consciência para caminhos e preocupações totalmente periféricas e até estranhas aos seus valores.
O exemplo mais gritante, e até perturbador, deste afastamento do essencial, é a festa natalícia. O nascimento de Cristo, o filho de Deus. Nesta época, em que se comemora em todo a cristandade a chegada do Messias à terra, o que fazem os católicos, ou pelo menos grande parte deles? Colocam o Pai Natal no centro da festa. Deve ser, no mínimo, desconcertante, para os crentes de outras paragens que vivem e viajam pelo ocidente, a observação deste acontecimento. "Então, é a festa do nascimento do seu Messias e eles "adoram" uma outra qualquer personagem vinda não se sabe muito bem de onde?". É impensável este fenómeno florescer no seio de qualquer outra comunidade religiosa. E são comportamentos como este e outros semelhantes que, aos olhos dos outros, o ocidente se revela mais fraco, baralhado e assim, naturalmente, mais vulnerável. É no mínimo bizarro que seja a própria família a confundir o aniversariante. Era o mesmo que, na família Figueira, no aniversário da avó, os parabéns e todas as atenções serem canalizadas para o estafeta que trouxe as pizzas.
Que o mundo ocidental, na sua histérica e desenfreada corrida ao consumo, gere cidadãos também eles histéricos e desenfreadamente consumistas, principalmente nesta época, não nos admira e até compreendemos, mas que os católicos participem neste filme, em que o guião é seu, como actores principais, é que é absolutamente surpreendente. Como seria bom, como contra ponto, que houvesse uma comunidade cristã, forte e consciente, a fazer força e peso para o lado contrário, o lado mais espiritual e mais contido da balança. Até por isso, era urgente que os cristãos recentrassem o Natal...em Cristo.
Num ocidente, em que os estados – e o nosso é um exemplo cristalino - estão numa sofreguidão sem paralelo para tornar as sociedades laicas, em que tudo tem de ser clinicamente limpo de religiosidade, é de uma irresponsabilidade civilizacional enorme, ser a própria comunidade cristã a colaborar e a participar nessa "cruzada". A substituição, consciente e voluntária, da figura nuclear do Natal, Jesus Cristo, por esta espécie de carteiro de presentes, de origem lendária e incerta, causa perplexidade. Já só falta ver o Pai Natal…nas palhinhas deitado.
Podemos sempre dizer que "…é muito difícil contrariar a tendência, lutar sozinho, comercialmente não é viável, blá, blá, blá”. Mas, desculpem-me os católicos, não penso assim. Se cada cristão, no exercício da sua actividade profissional ou na sua vida particular quiser, de facto, recolocar a quadra natalícia no seu devido lugar, pode fazê-lo com naturalidade, através das suas mais variadas decisões diárias, seja ele publicitário, jornalista, chefe de redacção, director de marketing, director geral, gestor, lojista, feirante, escritor, médico, professor, músico, cineasta, actor, director escolar, editor, ministro, empresário, pasteleiro, etc., etc. etc. Todos estes agentes, têm de alguma forma responsabilidades comunicacionais, obviamente, com maior ou menor impacto na sociedade civil. E é nessa interacção que a comunicação com os outros, individual ou colectivamente, pode fazer a diferença, contendo referências, valores e símbolos, ou não. Desde a simples decoração de uma montra, passando pela aprovação de uma campanha publicitária ou pela execução do menu do dia. É simples, muito simples.
São os cristãos, cada um individualmente, que podem fugir à pressão do mundo e marcar eles próprios, na sua agenda, as prioridades.
Do meu ponto de vista, e como não crente, acho que a comunidade cristã tem um papel importantíssimo, hoje mais do que nunca, nas sociedades modernas. Faz-me confusão que se deite fora, deliberadamente, um património cultural e de valores desta dimensão.
O Natal pode ser só um conto. Mas também pode ser uma grande festa, muito real, numa grande parte do mundo, recentrada na figura mais marcante de todo o ocidente.
Os católicos é que sabem, se querem enfiar o “barrete”, neste caso vermelho, ou não."
Observando de fora, vemos com nitidez que o mundo católico, por muitas razões, anda baralhado e pouco seguro. Dos seus valores, das suas orientações e dos seus símbolos. Enquanto que, por outras partes do mundo, os crentes de outras fés cerram fileiras e centram as suas prioridades no que verdadeiramente interessa, vemos os cristãos, pelo menos os do ocidente, a resvalarem com toda a tranquilidade e com total consciência para caminhos e preocupações totalmente periféricas e até estranhas aos seus valores.
O exemplo mais gritante, e até perturbador, deste afastamento do essencial, é a festa natalícia. O nascimento de Cristo, o filho de Deus. Nesta época, em que se comemora em todo a cristandade a chegada do Messias à terra, o que fazem os católicos, ou pelo menos grande parte deles? Colocam o Pai Natal no centro da festa. Deve ser, no mínimo, desconcertante, para os crentes de outras paragens que vivem e viajam pelo ocidente, a observação deste acontecimento. "Então, é a festa do nascimento do seu Messias e eles "adoram" uma outra qualquer personagem vinda não se sabe muito bem de onde?". É impensável este fenómeno florescer no seio de qualquer outra comunidade religiosa. E são comportamentos como este e outros semelhantes que, aos olhos dos outros, o ocidente se revela mais fraco, baralhado e assim, naturalmente, mais vulnerável. É no mínimo bizarro que seja a própria família a confundir o aniversariante. Era o mesmo que, na família Figueira, no aniversário da avó, os parabéns e todas as atenções serem canalizadas para o estafeta que trouxe as pizzas.
Que o mundo ocidental, na sua histérica e desenfreada corrida ao consumo, gere cidadãos também eles histéricos e desenfreadamente consumistas, principalmente nesta época, não nos admira e até compreendemos, mas que os católicos participem neste filme, em que o guião é seu, como actores principais, é que é absolutamente surpreendente. Como seria bom, como contra ponto, que houvesse uma comunidade cristã, forte e consciente, a fazer força e peso para o lado contrário, o lado mais espiritual e mais contido da balança. Até por isso, era urgente que os cristãos recentrassem o Natal...em Cristo.
Num ocidente, em que os estados – e o nosso é um exemplo cristalino - estão numa sofreguidão sem paralelo para tornar as sociedades laicas, em que tudo tem de ser clinicamente limpo de religiosidade, é de uma irresponsabilidade civilizacional enorme, ser a própria comunidade cristã a colaborar e a participar nessa "cruzada". A substituição, consciente e voluntária, da figura nuclear do Natal, Jesus Cristo, por esta espécie de carteiro de presentes, de origem lendária e incerta, causa perplexidade. Já só falta ver o Pai Natal…nas palhinhas deitado.
Podemos sempre dizer que "…é muito difícil contrariar a tendência, lutar sozinho, comercialmente não é viável, blá, blá, blá”. Mas, desculpem-me os católicos, não penso assim. Se cada cristão, no exercício da sua actividade profissional ou na sua vida particular quiser, de facto, recolocar a quadra natalícia no seu devido lugar, pode fazê-lo com naturalidade, através das suas mais variadas decisões diárias, seja ele publicitário, jornalista, chefe de redacção, director de marketing, director geral, gestor, lojista, feirante, escritor, médico, professor, músico, cineasta, actor, director escolar, editor, ministro, empresário, pasteleiro, etc., etc. etc. Todos estes agentes, têm de alguma forma responsabilidades comunicacionais, obviamente, com maior ou menor impacto na sociedade civil. E é nessa interacção que a comunicação com os outros, individual ou colectivamente, pode fazer a diferença, contendo referências, valores e símbolos, ou não. Desde a simples decoração de uma montra, passando pela aprovação de uma campanha publicitária ou pela execução do menu do dia. É simples, muito simples.
São os cristãos, cada um individualmente, que podem fugir à pressão do mundo e marcar eles próprios, na sua agenda, as prioridades.
Do meu ponto de vista, e como não crente, acho que a comunidade cristã tem um papel importantíssimo, hoje mais do que nunca, nas sociedades modernas. Faz-me confusão que se deite fora, deliberadamente, um património cultural e de valores desta dimensão.
O Natal pode ser só um conto. Mas também pode ser uma grande festa, muito real, numa grande parte do mundo, recentrada na figura mais marcante de todo o ocidente.
Os católicos é que sabem, se querem enfiar o “barrete”, neste caso vermelho, ou não."
Carlos Jarnac
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