Não é justo que uma autarquia sujeite inquilinos seus a esta humilhação, de viver numa casa cheia de bolores com um ar quase irrespirável que obriga a manter janelas abertas faça frio ou faça chuva. E o mesmo se passa em habitações de cidadãos que gastaram as poupanças de uma vida para ter casa própria.
Tudo isto porque a Câmara de Odivelas entendeu fazer obras supostamente de reabilitação num imóvel, na Póvoa de Santo Adrião, por sua livre iniciativa, sem consultar proprietários dos condomínios que não são sua propriedade. O resultado foi desastroso: a empresa contratada fez um enorme disparate e o prédio acabou por ficar mais vulnerável. O resultado demonstra-se nas imagens.
O cúmulo é o facto de a autarquia pretender agora dividir a despesa da reabilitação que se tem de fazer. Uma vergonha, sobretudo para responsáveis políticos que apregoam permanentemente o apoio aos mais desfavorecidos. A manipulação ocupa cada vez mais espaço no quotidiano da vida política portuguesa. Lamentável!
Afinal, qual é a prorrogativa em que se suporta o Município de Odivelas para entender que os condóminos têm de contribuir para as obras de recuperação dos estragos unicamente da responsabilidade da autarquia?
Pela quinta vez, o Vereador Paulo Aido pediu que se “providenciasse a reparação total das obras que a Câmara mandou realizar sem ouvir aqueles que, então, já eram proprietários de alguns dos fogos do imóvel, com o número 11, da rua Vitorino Nemésio, na Póvoa de Santo Adrião e que ficaram mal executadas como é do conhecimento dos serviços e de todos nós”.
O autarca fez esta exigência na reunião do Executivo camarário, mostrando um conjunto de fotografias da degradação do interior de um dos andares que é propriedade do próprio município, acrescentando que “esta habitação encontra-se num estado deplorável e de onde se conclui que esta autarquia nem sequer sabe cuidar do seu património”.
Aquele Vereador Independente disse: “Importa que sejamos os primeiros a respeitar os munícipes, o seu património que certamente lhes custou as poupanças de uma vida de trabalho, para não ter de falar de questões de dignidade humana”.
E explicou: “O Município detém quase 17 mil euros (16.891 euros) que eram do construtor que deixou as obras mal realizadas e, portanto, deve utilizar esse dinheiro nas obras de recuperação, sem ter de mendigar, àqueles que são proprietários, uma comparticipação financeira como se fossem responsáveis pelos disparates da Câmara Municipal e pela falta de fiscalização às obras que manda fazer. Que o 2º andar esquerdo propriedade de Maria da Conceição Cruz, a primeira queixosa, também já apresenta danos, mesmo depois das reparações efectuadas no Verão passado”.
Por fim, Paulo Aido interrogou: “A que se circunscrevem os trabalhos iniciados, na passada quarta-feira, quanto custam e quem vai pagar, bem como em que prorrogativa se suporta o Município de Odivelas para entender que os condóminos têm de contribuir para as obras de recuperação dos estragos, unicamente da responsabilidade da autarquia?”
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