Em tempo de aperto, de preocupação sobre o futuro dos portugueses ou da maioria que vivem dos salários e das reformas, do trabalho quotidiano independentemente se é ou não muito produtivo, falar de futebol não é prioritário. De qualquer modo, não resisto a fazer alguns comentários a propósito das afirmações que se ouvem e proferidas antes e depois da derrota com a Alemanha, a única que jamais devia ter acontecido pelas mais variadas razões.
A nossa selecção, eternamente favorita a um título de nada, é um grupo de atletas idolatrados, onde quase todos têm lugar cativo porque são os únicos que garantem – sempre - o êxito dos triunfos da nossa moral. São os 23 que vão correr atrás do prejuízo, que nos elevam a esperança daquilo que nos diminuiria a angústia dos tempos de crise, que serviria para nos fazer esboçar uns sorrisos. Mas vivemos o eterno fatalismo: a esperança tropeçou numa pedra de azar, de uma mão cheia de oportunidades não concretizadas, perante uns alemães frouxos… Mas a verdade, chama-se eficiência: o alemão de nome espanhol, Mario Gomez, teve três possibilidades de marcar e concretizou uma delas – foi 33,33% eficaz!
Mas o que é que falhou para que Portugal só tenha ganho moralmente? Nada ou talvez tudo. Vejamos:
1. O jogo teve 97 minutos e os portugueses procuraram a vitória durante 19 minutos, precisamente 19,5% do jogo;
2. Dos 19 minutos que a nossa selecção procurou ganhar, 5 aconteceram na ponta final da primeira parte, os restantes 14 no final do desafio, precisamente quando fomos obrigados a correr atrás do prejuízo, do 0-1;
3. Durante 78 minutos, os portugueses rezaram o terço ou aves maria na esperança de ver a bola entrar na baliza dos alemães, num daqueles tiros ‘à Carlos Manuel’, de mais de trinta metros de distância, ou por ‘obra e graça do espírito santo’;
4. A afirmação extraordinária e de grande intelectualidade de Paulo Bento: “ É mais difícil executar do que dizer”. Sem dúvida que é preciso ter vontade de fazer e bem feito, de perceber que só vencem os audazes, os que mais tentam que a bola entre na baliza do adversário. Aconselha-se a visualização intensiva das partidas entre espanhóis e italianos, do Euro, ou entre argentinos e brasileiros, num jogo de preparação para as Olimpíadas de Londres a realizar já no próximo mês de Julho;
5. A selecção prepara-se a mais de uma hora de voo do local onde joga e num fuso horário diferente, o que significa que, para jogar por três vezes, vai gastar cerca de 7 horas dentro de um avião e mais outras tantas em transportes e formalidades. Gestão a que nos habituaram muitos líderes portugueses;
6. Há, pelo menos um jogador que exigiu a colocação, no seu quarto, de um espelho da sua altura;
7. Quantas pessoas formam a comitiva portuguesa e que funções desempenham;
8. Quantos jogadores conhecem o significado de patriotismo, de honradez, de respeito pelos cidadãos e sabem cantar o Hino nacional (excepção se faça ao brasileiro Pepe que o fez com grande emoção… valha-nos isso);
9. O prize money que a UEFA pagou à Federação Portuguesa de Futebol, pela participação da nossa equipa no ‘Euro 2012’, será gasto com as despesas de participação… Assim, valeria a pena conhecer o montante envolvido, para podermos corroborar ou não com alguma comunicação social estrangeira que noticia que a equipa portuguesa se encontra entre as três que mais gasta;
10. A publicação das contas todas, daria para perceber também que poderemos estar perante uma contribuição dos dinheiros públicos, ao contrário do que afirmou Humberto Coelho, vice-presidente da federação.
E amanhã será o tira teimas diante do ‘onze’ da Dinamarca: na fase de apuramento para esta competição, Portugal perdeu por 2-1 na Dinamarca, no dia 11 de Outubro de 2011, uma ano depois de ter vencido por 3-1, na primeira mão jogada em Portugal. O histórico dos confrontos oficias entre as duas selecções, os portugueses levam vantagem: 5 triunfos, contra 2 derrotas e 2 empates.
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