Exceptuando meia dúzia de novas urbanizações com alguma qualidade, vêem-se bairros urbanisticamente desorganizados, muitos deles de qualidade mais que duvidosa; vêem-se os centros históricos a degradarem-se e a envelhecerem; vê-se o património histórico a ruir; vê-se uma economia fragilizada e desamparada; vêem-se a generalidade dos comerciantes na corda banda; vê-se desemprego; vêem-se idosos desprotegidos e assustados; vêem-se jovens com vontade, mas sem grandes prespectivas; vêem-se alguns investimentos faraónicos sem que se perceba a utilidade e se tire rentabilidade; vê-se a Camara falida, sem força, imaginação e capacidade para reagir; enfim vêem-se um sem número de problemas.
Viajando pela minha Terra vejo tudo isto. Sinto-a desalentada, desorganizada, sinto-a envelhecida, sem rasgo, sem chama, com pouca alegria e com pouca esperança.
Olho para o passado, seja ele mais ou menos longínquo, e invade-me uma certa nostalgia, não tanto pelo que Odivelas era, porque quanto a isso nada haveria a fazer, mas pelo que Odivelas podia ser e não é.
Percorro novamente toda esta Terra, sou invadido pelo mesmo sentimento, recordo um slogan que todos certamente se lembram, soava bem, e que pelas potencialidades deste concelho até era apropriado - “Odivelas - Terra de Oportunidades”.
Pergunto a mim próprio, que oportunidades seriam essas, que se fez e que ganhou Odivelas com essas oportunidades?
Paro para pensar, tento encontrar resposta para estas questões, percorro novamente toda esta terra, sou invadido por um único pensamento – não há o direito de terem feito isto a Odivelas.
Sinto-me indignado e quase revoltado quando penso que desde há uns anos a esta parte, sobretudo nos últimos 4, não me cansei (não fui o único) de alertar para várias situações, de dar sugestões e de fazer várias propostas, as quais, todas elas, devido ao sistema instalado, por receio de quem está no poder perder protagonismo, enfim por uma mentalidade mesquinha, terem sido ignoradas e caído em “saco roto”.
Indiscutivelmente, pelo passado, pelas tradições e pela cultura, também pelo potencial que tinha e que tem e pelas suas gentes, creio que Odivelas merecia e merece mais, muito mais.
Agora que se aproximam eleições autárquicas, momento em que cada um de nós (políticos ou não políticos) tem especial responsabilidade, penso que é o momento certo para se encontrar uma alternativa, a qual, mais que por um conjunto de medidas avulsas, terá forçosamente que passar por um projecto bem estruturado e com objectivos bem definidos.
Não será assim?
In: Diário de Odivelas - Pode Haver Luz
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