Definitivamente
em Portugal as obras públicas são demasiado dispendiosas: custam muito para
aquilo em que resultam, sobretudo pela menor qualidade dos acabamentos. Também
raramente terminam antes de se iniciar a utilização. E quase sempre têm
defeitos, alguns perfeitamente inacreditáveis. Na nova Unidade de Saúde
Familiar da Ramada não é possível por enquanto marcar consultas para dentista e
higiene oral, por erros de construção. O gabinete do dentista, devidamente
montado não funciona. O mesmo é anunciado em idêntico equipamento na Póvoa de
Santo Adrião, também estreado no princípio do mês.
Os
3,8 milhões de euros que custaram as instalações da Ramada nem sequer chegaram
para pagar uma guarda (vedação) do parqueamento interior que fica a 5 metros
acima do solo, nem para terminar uma escadaria de acesso. Luís Martins, o
director clinico da nova USF, não se coibiu de pedir à presidente da Câmara a conclusão
destas obras emergentes, para permitir a segurança dos utentes.
No
rol das reclamações dos utentes encontra-se o preço dos transportes. Uma
deslocação entre a baixa da cidade de Odivelas e a unidade de saúde da Ramada
custa 4,40 euros a que se terá de juntar as taxas moderadoras para quem as
paga. Por exemplo, um pedido de receitas entre consultas custa 3 euros.
Portanto, um usuário nestas condições desembolsa 7,40 euros, apenas para poder
manter tratamento por prescrição médica. É muito dinheiro para quem aufere
reformas baixas, o que é extensível à maioria destes munícipes.
Em
todo o caso, não se afigura que a Câmara de Odivelas negoceie com a Rodoviária
Nacional um novo percurso do «Voltas» porque isso obriga a um investimento que
ultrapassa os 100 mil euros anuais, impensável fazer na presente conjuntura.
Segundo
Ileine Lopes, a directora Executiva do Agrupamento de Centros de Saúde de
Loures e Odivelas, o equipamento da Ramada terá de atender 15.700 utentes
daquela freguesia e mais de 22.800 inscritos no velhinho centro de saúde de
Odivelas que agora encerrou. Ileine Lopes afirmou que estes são os números
reais dos utentes, feita uma expurgação à lista de inscritos nos centros de
saúde de ambos os concelhos. Aquela dirigente referiu que «os inscritos nos
dois concelhos baixaram 14,1% o que corresponde a 71 mil pessoas e que, só em
Odivelas, o apuro resultou numa diminuição de 48 mil utentes». Os dados
apresentados por Ileine Lopes mostram que a actualização referente aos inscritos
no velho centro de saúde da rua dos Bombeiros Voluntários, agora encerrado,
redundara numa diminuição de 7.990 utentes, ou seja de 30.848 para 22.858.
Parqueamento a 5 metros de altura não tem protecção. A escadaria não se encontra concluída |
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