À luz da psicologia
Nas últimas semanas ouvi recorrentemente, quer em conversas com amigos quer em contexto de consulta, alguns comentários sobre a relação das redes sociais com a beleza. E perante isto, o primeiro pensamento que me ocorreu foi de que, sem dúvida, a cultura vai-nos disponibilizando um sem número de ferramentas que nos permitem inúmeras novidades, as quais eram inexistentes ou inacessíveis no passado.
Por exemplo, há dezenas de anos, no que diz respeito às interacções sociais, o esforço era maior e sendo um esforço muito grande o mais natural era que desistissem de procurar novas relações, novos contactos. Actualmente, e apesar das controvérsias, a Internet e mais especificamente as redes sociais como o Facebook, Twitter, Hi 5, Linkedin, Orkut, entre outras, acabam por nos mobilizar para maiores procuras e conquistas, sobretudo de informação.
Neste sentido, é compreensível que as pessoas revelem um maior cuidado com a sua beleza, ou se preferirem com as fotos que tendem a escolher para os seus perfis e/ou apresentações. Não tem que haver espanto com isso, quando existe um critério de bom senso (e gosto) na escolha das fotos.
Ora, imagina-se num dia em que na noite anterior saiu até muito tarde, bebeu demasiado, está bastante cansado(a), acordou diversas vezes durante o sono com enjoos por causa da sensação do álcool e ao início da manhã, que muito possivelmente já é princípio ou meio da tarde, acordou, foi à casa de banho, acendeu a luz e olhou para o espelho. O que é que viu? (Medo!) Seria esse sentimento que gostaria de mostrar ao mundo? Colocando-se no lugar do outro, iria interessar-se por essa imagem? Faz-lhe sentido tirar uma fotografia nesse estado e partilhar com as pessoas da sua rede de contactos?
Pois bem, se no dia-a-dia da nossa vida nos tentamos melhorar, atenuando o que não gostamos e realçando o que mais apreciamos, porque é que nos tendemos a espantar com o facto de as pessoas colocarem nas redes sociais aquilo que têm de mais bonito?
A admiração apenas deve surgir quando posturas excessivas são evidentes, quando a aparência é apenas isso (futilidade, vazio) e nada mais, quando é apenas PARECER e pouco SER (conteúdo). Nesse caso compete àqueles que são próximos apontar que o limite foi passado, em vez de silenciar de modo a favorecem o desenvolvimento pessoal da pessoa que gostam.
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