5.3.12

O nosso contentamento

Maria da Conceição Cruz, há vinte anos, ‘presa’ num 2º andar de um prédio da Póvoa de Santo Adrião, dependente dos bombeiros para se deslocar, já pode sair à rua apenas com a ajuda de uma pessoa.
Desde a passada quarta-feira pode utilizar uma trepadora de escadas, uma dádiva de muitos amigos, mais e menos anónimos, despertados para este problema em Março de 2010, precisamente quando Paulo Aido, vereador independente na Câmara de Odivelas, levou este caso a Reunião de Executivo camarário, então a propósito da degradação da habitação Maria da Conceição por obras de requalificação do edifício mal feitas e que foram adjudicadas pelo próprio município.

Seguiram-se um conjunto de intervenções do autarca independente, de notícias na comunicação social regional e nacional, o entusiasmo da Associação Salvador e de centenas de odivelenses.
Se o primeiro problema era - e continua a ser - a reparação das obras de manutenção do edifício que foram mal executadas da responsabilidade do Município de Odivelas; o segundo enigma foi o que acabou por se resolver primeiro: Maria da Conceição precisava dos bombeiros para descer do 2º andar e, claro, de pagar o serviço, porque não era possível uma só pessoa descê-la e tão pouco transportar a cadeira de rodas eléctrica. Este infortúnio durou duas dezenas de anos.
Quarta-feira, foi dia de festa: Rute Araújo da Associação Salvador, os jornalistas Lina Manso, Henrique Ribeiro, do Nova Odivelas, Luís Garcia do Jornal Notícias, o vereador Paulo Aido e o seu gabinete ficaram certamente mais ditosos.
Cumpriu-se parte do objectivo: promover a mobilidade de uma cidadã que jamais se resignou à sua condição vítima de um conjunto de doenças que já a levaram 47 vezes a uma sala de cirurgia.
Agora, importa inter-agir com a Maria da Conceição, uma artista, que pode voltar a dar aulas de trabalhos manuais e artes decorativas. Não faltam instituições no concelho e na freguesia da Póvoa de Santo Adrião onde outros idosos podem passar parte do dia em actividades destas, porventura das melhores para o estimulo do intelecto e de manter activas estas pessoas, muitas delas a sofrerem o sindroma do isolamento.
Oxalá, haja alguém que se recorde deste fenómeno e deite mão a esta janela de oportunidade da maior importância.
Estão de parabéns todos os que lutaram por esta causa que acreditam ser sua missão acarinhar os menos afortunados.
Afinal de contas, como escreveu Paulo Aido, com quem construo uma boa amizade, “todos podemos e devemos utilizar o nosso metro quadrado de influência por boas causas”.


José Maria Pignatelli in "Nova Odivelas"

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