A capela do bairro social do Casal da Mira encheu para receber o padre italiano Leonne Orlando que proferiu uma missa diferente do que é habitual, muito dirigida à espiritualidade e aos mais jovens que encetaram um trabalho comunitário de vulto, particularmente junto dos mais novos. O padre Leo como é conhecido passou por cima dos acontecimentos de sábado e apelou à concórdia, à tolerância, à união das famílias e da comunidade na resolução dos problemas e na reabilitação de todos os faltosos. Aliás, este foi um recado a toda a comunidade do Casal da Mira, tanto mais que à homilia assistiam outros moradores que não residem no bairro social.
Afinal de contas, como na maioria das maiores metrópoles, no bairro social do Casal da Mira, moram centenas de pessoas que vivem dos rendimentos do trabalho, gente simples, mas honesta que também sabe acolher quem vêm de fora e os vizinhos mais abastados que vivem paredes meias com aquele bairro social.
Se é certo que existem cidadãos problemáticos, infractores, não será menos verdade que se transita no bairro à vontade, tanto mais que falamos de uma urbanização recente, perfilada ao longo de arruamentos paralelos e largos, e fácil de circunscrever, ao contrário do que fazem crer os responsáveis pela PSP. Não se consegue descortinar como é possível afirmar que o bairro seja difícil de patrulhar. Provavelmente, as dificuldades residem na capacidade do diálogo e na percepção de que no bairro existem cidadãos com conduta irrepreensível.
Seria muito mais vantajoso à autoridade policial antecipar uma aproximação à comunidade no sentido da prevenção, antecipando o diálogo, ao invés de optar por enviar ao local um verdadeiro exército, para uma intervenção que acabou por “parir um rato”, a apreensão de uma arma e de meia dúzia de doses de haxixe.
Percebeu-se que a operação deste fim-de-semana, teve um caracter de propaganda da própria PSP: importa mostrar aos cidadãos que já se voltou a viver num estado de graça e que estamos cada vez mais seguros. No entanto, o nosso País continua a ser preferido pelo narcotráfico, a ter centenas de milhar de armas ilegais, ao furto de viaturas para exportação ou desmantelamento e venda de peças, a servir de base aos maiores prevaricadores internacionais, sendo que, só raras vezes, se assistam a operações de vulto destinadas a estes alvos.
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