Percebi que os nossos maiores iluminados juntam, agora, à Sra. Professora Dra. Austeridade, o Sr. Prof. Dr. Empreendedor e até trocam o significado deste último senhor... Que quer dizer tão simplesmente trabalhador ou trabalhador activo, actividade. Creio que somos todos nós os que trabalhamos, mesmo os mais desiludidos. Precisamente: empreendedorismo não tem qualquer significado. Em bom rigor traduz a vontade de activar ou colocar a trabalhar um conjunto de pessoas e isso não se afigura nada fácil na actual conjuntura de uma crescente taxa de desemprego.
Também entendi que há jovens que acreditam profundamente na exportação de mão-de-obra qualificada como se isso fosse a solução para a nossa crise. Ora, não percebo é como isso se vai fazer: temos quase 1 milhão de desempregados e a emigração apenas regista 70 mil casos por ano!
Não vivemos um momento para demagogias, muito menos de por o País a ouvir pessoas muito instruídas, é certo, mas que revelam uma gritante ausência de cultura e um desconhecimento da realidade em outras paragens, a menos que estejam convencidos que baralham o jogo sistematicamente e confundem os adversários.
Já agora, seria interessante perceber quantos mercados, que não os dos países membros da comunidade europeia, Estados Unidos, Canadá, e mais dois ou três de maior projecção, conhecem os produtos resultantes da nossa produção industrial, agroalimentar e tecnológica… Como por exemplo, quantas garrafas de vinho português se vendem na Argentina, no Brasil, no México e mesmo nos Estados Unidos? E ainda perceber como explicamos lá fora o fenómeno de Cristiano Ronaldo dar a cara à publicidade do turismo espanhol.
Importa colocar os pés no chão, debater as verdadeiras razões da crise, 100% estruturais, 100% sistémicas, e deixarmos o folclore de lado.
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