Vivemos num estágio de miséria, na
indiferença de regras que não se conhecem, desajustadas da realidade e ainda
assim, quando se faz luz de algo que poderá ser importante, temos de pedir
licença a quem manda na união europeia. Temos de vergar e de pedir por favor,
preferencialmente de joelhos.
Mas cá dentro há leituras e
legislação surreal: Fica de fora do entendimento de todos determinadas regras
para quem se encontra a receber RSI, rendimento social de inserção. Ora, como é
possível que uma jovem que recebe pouco mais de 130 euros mensais não possa
fazer trabalho voluntário em nenhuma instituição pública?
Isto mesmo foi o que afirmou uma
técnica da Santa Casa da Misericórdia quando confrontada com o desejo da jovem
em participar num qualquer projecto de trabalho voluntário, num estabelecimento
da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. A técnica respondeu: «Não pode porque recebe RSI e encontra-se
integrada no programa de inserção cujas entidades promotoras são o IEFP,
Instituto de Emprego e Formação Profissional, a Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa e a ARS, Administração Regional de Saúde».
Não menos extraordinário é submeter
jovens desempregados a planos de formação que incluem cursos de informática, na
óptica do utilizador, que são realizados utilizando o velho ‘office 2003’. Mais: obrigam-se a ser
submetidos a esta formação precisamente jovens formadores de informática,
alguns até já licenciados e que se encontram na situação de desempregados.
Antes de reinventar as funções
sociais do Estado, devíamos exigir que o poder político descesse à rua, ao
quotidiano dos portugueses, vivesse as instituições por dentro, para perceber a
quantidade de asneiras que se fazem, o desperdício de vontades em trabalhar ou
simplesmente de pessoas dispostas a ajudar o País, muitas vezes troco de nada
ou muito pouco.
A isto, sim, chama-se viver num
estágio de miséria, num País que não reconhece as capacidades de cada um dos
seus. É seguramente mais fácil cobrar impostos.
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