15.2.11

As duas únicas entradas no Largo D. Dinis

O largo que hoje tem o nome de D. Dinis, chamou-se Largo do Couto e entrava-se pela rua Direita, que ia do Memorial ao mosteiro. Hoje é um troço da rua Guilherme Gomes Fernandes e já se esqueceu o nome de rua Direita. Havia um portão e a entrada não era livre. Era de uso exclusivo da comunidade religiosa, visitantes e serviçais. Esta era a única entrada para o largo.

Hoje há uma segunda entrada, que é um túnel que existe na casa onde funciona a Casa dos Caracóis. Vai do Ajax ao largo. E não há mais entradas. Como apareceu esta segunda entrada? No mosteiro vivia a Madre Paula, a famosa freira que foi a " amada" do rei D. João V. O monarca construiu-lhe uma casa de dois andares, sobre a casa do capítulo, no claustro novo. Aconteceu porém, que chegando isto ao conhecimento do Papa, este proibiu o Rei de entrar no mosteiro.

"Se eu não posso entrar, pode a Paula sair", terá pensado o Rei. Mandou assim construir uma casa ligada ao mosteiro, com uma passagem no rés do chão. É o túnel que ainda lá está. A segunda casa de Madre Paula é a casa das colunas toscanas de cantaria, que sustentam a varanda.

O Rei vinha no seu coche, pela servidão que é hoje a Rua da Fonte e que passava entre as quintas do Espanhol e do Espírito Santo de um lado, e a cerca do mosteiro do outro. A carruagem e o cocheiro aguardavam o Rei, num pátio de que resta uma parte, em frente do Ajax.

São estas as memórias da Rua da Fonte, e que fazem parte das muitas memórias históricas de Odivelas. É por isso que é um erro inqualificável estar a construir um prédio de habitação na zona de protecção do Mosteiro de S. Dinis. Em vez de valorizar as memórias, estamos a apagá-las. Mas a História registará os factos. As imagens do antes, ajudarão a História. São os documentos que temos e é com documentos que se tece.

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