27.2.11

Originalidades perigosas

O Sporting é um clube demasiado grande para aceitar tanto amadorismo.
Miguel Xara Brasil fala de pioneirismo. Mas devo alertar que nem sempre ser pioneiro é bom sinal. E em Portugal os exemplos são mais negativos que positivos.
Adoramos construir quintas e quintais. Em Portugal muitos clubes, Associações de bombeiros, particularmente das cidades e vilas mais pequenas, e muitas outras instituições e autarquias são exactamente transformadas em feudos de cidadãos que se tornam mais mediáticos sabe-se lá bem porque razões. Alguns acabam por prestar um bom serviço, outros nem por isso e conseguem manter elevada mediocridade.
No Sporting, nas últimas décadas não tem acontecido nada de bom.
Não sou adepto do Sporting, mas incomodam-me os iluminados que brincam no seio das instituições que reclamam credibilidade e servem milhares de anónimos amantes do associativismo e das actividades desportivas num conceito mais vasto que o futebol.
De facto é a primeira vez que me recordo de ver:
Despedir um treinador na véspera de um jogo importante e a três dias de outra partida ainda mais relevante;
- De sair o treinador e ficar a sua equipa técnica;
- Do novo treinador interino, também director-geral do departamento do Futebol assumir funções a dois dias de um dos jogos mais importantes da temporada, precisamente uma meia-final e logo contra o Benfica.
Mais perplexo fico quando vejo sucederem actos de gestão preocupantes como o de passar os activos para nome da SAD (Sociedade Anónima Desportiva) e deixar o clube "agarrado" ao passivo. Estas práticas são comuns e só nos devem envergonhar porque passam uma péssima imagem do País e dos seus agentes que forçosamente são reconhecidos por gente menos séria. Senão vejamos para quantos torneios de Inverno de indor futebol (usuais na Europa Continental durante o mês de Janeiro e jogados em pavilhão) foram os clubes portugueses convidados?
O Sporting merecia muito melhor, mas como clube desportivo de primeira linha que é, servirá sempre um grupo de interesseiros mais do que interessados na causa da defesa dos interesses da instituição.
Lamentável!
Desafio Miguel Xara Brasil a juntar-se aos seus amigos do Sporting e a arranjar uma lista credível para concorrer às eleições se é que ainda vão a tempo. É que tanto quanto se ouve em alguns dos bastidores, estes sportinguistas têm programa e ideias perfeitamente definidas e já passado a papel. Além disso, são um grupo de pessoas com fortes convicções, possuidores de uma estratégia a médio prazo e defensores do clube numa perspectiva de instituição de utilidade pública ainda que com a necessidade de uma gestão empresarial ao mais alto nível, tão-só pelo cariz social, entidade empregadora de relevo, prestígio e montantes financeiros gerados.
A actual situação do Sporting não serve à competição futebolística nacional e mesmo internacional. O exemplo do Boavista e do Farense deviam servir para acautelarmos situações futuras arrepiando caminho e exigir responsabilidades aos dirigentes.
José Maria Pignatelli

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