21.11.11

Cérebro & Amor

À luz da psicologia

Todos nós nascemos com características primitivas como resultado de uma herança de milhões de anos de evolução filogenética. Partilhamos com muitas espécies, uma percentagem enorme de genes, e portanto, várias das coisas que observamos em muitas espécies estão também em nós. Nascemos assim com um programa biológico, mas depois à medida que os anos vão passando vamo-nos desenvolvendo e relacionando com outros humanos com os quais interagimos, vamos lidando com os dados da cultura transmitidos, por exemplo, através de fábulas que vamos ouvindo, histórias que vamos sabendo sobre a vida dos outros e tudo isso vai transformando o nosso cérebro.
E são comportamentos como conversar com os outros, saber dos eventos da vida, do mundo, seja através de uma conversa ou da leitura de um livro, que vão permitir que a estrutura cerebral se transforme até que um dia, quando o cérebro já está suficientemente estruturado, nós tenhamos a capacidade de amar.
Amar é talvez o produto psicológico mais complexo, mais tardio, mais evoluído do desenvolvimento cerebral humano. O amor é uma aprendizagem e construção pois não nascemos ensinados a amar, apenas nascemos a precisar de amor. E quando este estágio é atingido vinculamo-nos a uma só pessoa. Razão pela qual se diz que quem ama não trai.
Desta forma, ficará mais fácil não se usar de uma forma tão leviana a palavra amor evitando confusões entre o que é estar atraído e a beleza de amar. Amar é quando partilhamos vidas e corpos, quando estamos felizes com alguém. Amar é o sentimento que resulta dessa partilha, não é o desejo.
É importante ter em mente que as palavras são os focos luminosos para o nosso pensamento e por isso devemos ter cuidado com as palavras utilizadas para não nos iludirmos.

Mauro Paulino
www.mauropaulino.com

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