19.8.10

Uma receita natural.



Ao contrário do que se passa no Inverno, em que a Serra da Estrela faz lembrar algumas praias cobertas de gente, daquelas que mal se vê areia, no Verão, devido aos hábitos adquiridos, é praticamente um deserto de pessoas.

Por norma, desde há vários anos a esta parte, contrariando os tais “hábitos adquiridos”, não prescindo de duas das semanas de férias na serra mais alta de Portugal Continental e precisamente na estação mais quente do ano.

Nessas alturas, uma das minhas actividades preferidas é fazer longas caminhadas a pé, nas quais é raríssimo cruzar-me com alguém. Esse facto não me incomoda, bem pelo contrário, permite-me viver aquele ambiente como se fosse só meu.
Enfiado sempre a mais de mil e setecentos metros de altitude, por vezes por cima das nuvens, tenho uma sensação de imensidão e de tranquilidade única, tudo está integrado com tudo. Cada pedra, cada monte, cada buraco, escarpa ou giesta parecem estar colocados minuciosamente no lugar onde estão.
O ar que se respira diante deste cenário dá-nos a impressão que ainda é mais puro do que talvez o seja. Enfim, é um ambiente único.

Há contudo nestes passeios pessoas que por vezes gosto de encontrar, são precisamente aqueles que melhor conhecem os imensos segredos desta serra, os pastores. Há-os com todas as personalidades, uns mais abertos e outros mais fechados/reservados, uns mais aluados/imaginativos e outros mais terrenos, uns que por vezes gostam de estar um pouco à conversa e outros, que só a ideia de ter que conversar, ou de ver alguém naquelas paragens que consideram suas, os assusta.

Houve um ano, certamente por coincidência, que nos locais mais diferentes e por diversas vezes encontrava sempre o mesmo pastor.
Era um homem dos seus cinquenta anos, alto, tinha rugas bem vincadas, uma pele queimada pelo sol e um distinto bigode. Andava sempre com o seu chapéu, o seu cajado e dois cantis, um com água e outro com vinho. Era simples como todos os outros e gostava muito de falar.

Certo dia, enquanto conversávamos, reparei que com frequência se baixava para colher e depois comer umas bolas arroxeadas que eram fruto de um “arbusto/giesta” que ali crescem de forma espontânea. Ao fim de o ver repetir aquele gesto várias vezes, perguntei-lhe o que é que estava a comer. Respondeu-me que era zimbro, que fazia bem à azia e à má disposição (confirma-se aqui).

Sabendo eu que hoje anda por aí alguém, que mesmo estando de férias, está com uma certa azia, não queria deixar de postar aqui este ensinamento dado por uma pessoa que todos os dias anda mergulhado no meio da natureza e envolvido num ambiente único.

Já agora, não só pelo que se tem passado, mas sobretudo pelo que se pode vir a passar num futuro próximo e porque numa pequena pesquisa na internet reparei que há quem acredite que o Zimbro serve para afastar energias maléficas e maus espíritos, o melhor mesmo é, prevenir.

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