No Domingo foi uma criança que caiu de uma janela, ontem uma outra afogou-se num lago artificial de um campo de golfe.
Mas no fim-de-semana sete outros portugueses pereceram sobre o asfalto das nossas estradas naquilo que devemos considerar como das violências mais gratuitas.
Mas nestes últimos dias também morreram figuras mais públicas.
O cancro levou três deles:
· Tiago Alves, o judoca campeão europeu de 18 anos;
· António Feio, humorista, artista e encenador dos mais prestigiados;
· Bettencourt Resendes, jornalista.
Antes foi a vez de Beto, cançonetista e compositor, foi vitima de um acidente vascular cerebral.
A morte de Tiago Alves e Beto foi menos mediatizada. Detalhe sem grande significado. No entanto, devo-lhes aqui prestar homenagem porque ambos tinham a cultura do trabalho da dedicação a uma arte e a cultura da partilha.
Beto tornou-se conhecido por isso mesmo, por saber ajudar os mais desfavorecidos oferecendo a sua voz, talvez por ter nascido em Peniche e conhecido bem as dificuldades de quem não têm lugar entre os mais afortunados. Mas o artista teve tempo de marcar o panorama da música ligeira portuguesa e de ter protagonizado projectos de maior interesse e qualidade.
Assinalo aqui estas quatro perdas porque se tratam de pessoas que marcaram muitos outros e deixam um encalço que pode servir de exemplo, naturalmente como tantos outros anónimos. Mas, certamente, muito acima de outras individualidades que idolatramos e apadrinhamos em representações nacionais e que respondem com falta de ética e rigor.
José Maria Pignatelli
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