30.12.10

Acreditar - Ponto e Virgula

Por todo o lado vejo mensagens de optimismo, de que devemos acreditar, de que nos devemos esforçar para levar o país e as empresas onde trabalhamos para a frente.
Adoro. Acho máximo. Até sinto um pequeno ânimo a renascer. Mas…
Mas quando ao fim de um dia, de Dezembro, de 2010, saio de um trabalho que fui fazer lá para os lados da Baixa de Lisboa não há iluminações de Natal que me valham, e lá se vai o ânimo por água abaixo. Dentro do meu casaco quentinho, no percurso da Rua do Carmo até aos Restauradores, é o desalente em forma de pessoas sem forma… amontoados que respiram e que preparam uma cama de cartão e cobertores rotos no chão, há porta de lojas que já fecharam, há porta de bancos e seguradoras.
Sim, não devemos baixar os braços… não podemos. Por estas pessoas em que tropeçamos diariamente, e cada vez mais, na rua. Pelas crianças e idosos que estão institucionalizados. Pelas famílias que vivem uma pobreza recente e envergonhada. Por todos nós.
Porque nunca podemos esquecer que os outros somos nós!
Porque nunca nos podemos esquecer que os sorrisos não são só para distribuir no Natal!
E não me venham com frases de optimismo e esperança ridículas e hipócritas de quem nada faz e arruma assim a sua pequeníssima consciência entre as prateleiras de um qualquer gabinete almofadado.
Por isso, um abraço muito especial, e os desejos de um ano maravilhoso, para todos os que durante todo o ano tiram um bocadinho de si e do seu tempo para dar a mão e um sorriso a quem está a precisar.
Só a esses cabe o direito de proferir frases de alento, de optimismo, de esperança. Conquistaram-no.

Teresa Salvado

(Texto escrito para a rúbrica "Ponto e Virgula", publicado no jornal Nova Odivelas)

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