Negócios internos da jerónimo Martins prejudicam economia naciomal
A Crise do Açúcar colocou quase todas as distribuidoras (ou supermercados como queiram) a racionar o produto – O Pingo Doce importou da Polónia, país onde se encontra também estabelecido (embalagem fotografada para esta peça) e atribui 3 quilos por cliente, enquanto o Lidl estabeleceu 10 quilos por cliente e manteve-se a distribuir apenas açúcar refinado pela portuguesa RAR.
Opções curiosas: uma multinacional que emerge por quase meio planeta mantêm-se ao lado das empresas nacionais, enquanto Jerónimo Martins aproveita e importa açúcar, muito provavelmente da marca que vende nos seus supermercados da Polónia.
Continuam alguns dos nossos empresários a dar tiros nos pés da nossa débil economia em detrimento do lucro mais simplista. Porque razão haverai a Jerónimo Martins comparar açúcar refinado em Portugal (?) Certamente sairá mais vantajoso fazer a operação de exportação a partir da Polónia quiçá dando cumprimento a acordos que se fazem no segredo dos Deuses.
O País está mal, os políticos afundam-no, porque devem ser os empresários portugueses evocarem-se como salvadores da pátria (?) Precisamos de quem nos esfole até ao fim – os estrangeiros com benefícios especiais e acordos que não cumprem e muitos dos nossos a procurarem outros destinos e esvaziar os cofres da Nação, as contribuições sociais (...) Afinal de contas o seu dever social para com o País.
Continuamos na mesma como há 40, 50, 60 anos atrás – um Estado que não confia no cidadão e o cidadão que desconfia no Estado (…) uma espécie de jogo entre o gato e o rato que perdura há dezenas de anos e nem o salazarismo o curou.
A Crise do Açúcar começou vai para as três semanas. O comum do cidadão não percebeu muito bem este fenómeno. Ouviu-se apenas falar da escassez de matéria-prima e uma das refinadoras nacionais tinha mesmo parado a laboração.
Curiosidade ou não há precisamente três semanas os combustíveis aumentaram de preço por 3 vezes quase consecutivas, no domingo, segunda-feira e depois na quinta-feira da mesma semana.
Extraordinário é que o nosso “Zé pagode” já nem reclama, muitas vezes enganado pelos cartões que dão descontos entre os 4 e 6 cêntimos por litro, ou mesmo as promoções de fim-de-semana, por exemplo da Repsol ou os preços mais baixos praticados nas bombas dos supermercados InterMarchè que oscilam entre os 10 e os 12 cêntimos mais baratos.
Jerónimo Martins distribui dividendos hoje
Jerónimo Martins é mais uma das empresas que distribui dividendos ainda este ano. O pagamento antecipado das reservas livres da empresa é no valor de 105 milhões de euros e ocorrerá durante o dia de hoje (27 de Dezembro). Esta situação decorre do Governo, ter alterado no Orçamento do Estado para 2011, o regime fiscal sobre os dividendos recebidos pelas SGPS.
Para manter a isenção total de impostos a partir do próximo ano, as SGPS têm de ter uma participação superior a 10% na empresa que distribui o lucro e é também essencial provar que os rendimentos já foram sujeitos anteriormente a tributação efectiva por parte do emissor.
Considera-se que este facto levou a empresa a ser das mais penalizadas na queda bolsista que se registou na Bolsa de Valores de Lisboa no passado dia 22. Jerónimo Martins desvalorizou 1,69% par 11,915 euros considerando o destaque do dividendo de 0,168 euros
Num comunicado emitido no final do mês passado, a empresa tinha prenunciado a intenção de pagar este prémio até ao final do corrente ano - Jerónimo Martins justificou a escolha pelo facto do valor das reservas legais ser "muito superior ao mínimo legal e estatutariamente exigível".
Em 2010 as acções desta distribuidora e retalhista, valorizaram mais de 70%.
Naturalmente que os responsáveis da maior parte das empresas que optaram por distribuir dividendos respeitantes ao exercício do ano corrente ainda antes de 2011, fizeram-no para fugir claramente à tributação que decorre da aprovação do Orçamento de Estado e a coberto das mais variadas desculpas, mesmo algumas que não sendo de todo inverdades - como o facto de esse dinheiro ser gasto em pagamento de divida pública fruto de desvarios dos sucessivos governos e daí acabar por ser melhor aplicado ficando do lado dos accionistas, percebe-se que o País funciona como uma espécie de paraíso fiscal e tem muitos empresários nacionais que se estão verdadeiramente nas tintas para as questões nacionais e para os seus conterrâneos.
Soares dos Santos já não se serve do prato de sopa
que lhe deu de comer durante anos
Os últimos anos mostram que os ricos portugueses estão cada vez mais ricos e muitos deles mais ambiciosos a procurarem outras paragens para investir, de preferência onde é possível negociar “pacotes” de impostos para 3, 4 e 5 anos com condições relativamente vantajosas.
Soares dos Santos, presidente da Jerónimo Martins não escondeu isso a respeito dos investimentos realizados na Polónia, no programa da SIC Notícias “Plano Inclinado” que tem como residente o professor Medina Carreira.
O empresário disse que foi para a Polónia para expandir o grupo porque Portugal é pequeno demais é como que um “nicho de mercado” para a empresa. Obviamente que falamos num mercado de 38,5 milhões de pessoas e numa localização quase perfeita no contexto da Europa Central com pelo menos quatro fronteiras importantíssimas.
De qualquer forma Soares dos Santos esqueceu de referir que foi esse “nicho de mercado” e os bolsos dos portugueses que lhe permitiram internacionalizar a empresa. O líder da Jerónimo Martins também falou das “facilidades” dadas aos investidores na Holanda, também lá com projectos cujos impostos são negociáveis a três anos. Mas neste caso esqueceu um pequeno detalhe – é que nos Países Baixos não só os ditos pacotes de impostos não são assim tão atraentes como qualquer acordo é para cumprir à risca, caso contrário funciona a justiça e as contas bancárias são expostas aos cidadãos. É por isso que o reino da Holanda a juntar aos demais países nórdicos estão na linha da frente, entre os mais ricos e socialmente mais perfeitos do globo.
Soares dos Santos afirmou ainda que “falta estratégia ao País (…) que não sabemos para onde se pretende caminhar”. E deu como exemplo que apregoamos um País virado para o turismo, mas questionou como isso é possível se,” por exemplo, um turista sair da Quinta do Lago em direcção a Vila Moura é como que sair do paraíso e entrar no mato, num clarividente espaço com infra-estruturas desadequadas ao turismo, particularmente ao de qualidade tão publicitado e exigível neste mercado cada vez mais competitivo”.
Ora aí está, Soares dos Santos perdeu uma excelente oportunidade para se mostrar disposto a debater uma estratégia de futuro para o País:
§ Por exemplo, porque não investe uma grande distribuidora do mercado a retalho em duas ou três áreas do sector produtivo do que comercializa em fim de linha (?)
§ Porque não promove a Jerónimo Martins uma estratégia localizada no sector agrícola ou pecuário, mesmo chamando a si a cadeia universal – produção, transformação, comercialização e mesmo a sua exportação, pelo menos para os países onde mantêm investimentos (?).
Compreendo as dores de cabeça que essas tarefas promovem. É muito mais fácil ser importador oficial de algumas marcas de distinção como a dos cereais norte-americanos Kellogg’s que se tornaram famosos pelos seus corn flakes do que arriscar na nossa terra.
Naturalmente que temos sido mal governados. Por via de empresas públicas, público-privadas, participadas e empresas municipais regista-se um despesismo desequilibrado, diria mesmo brutal e acima das nossas possibilidades (…) mas isso não nos pode afastar das nossas responsabilidades sociais, antes obriga-nos à intervenção clarividente, à decência de evitarmos arrastar centenas de milhares para a miséria ao regresso da vergonha de vermos comer – à moderna - as velhinhas sopas de cavalo cansado!
Soares dos Santos devia ter vergonha: Era ali no ecrã da SIC que devia ter manifestado uma ou duas soluções imediatas para manter o País a flutuar, mesmo que isso fosse de todo inconveniente para algum político.
Oxalá não o veja a apoiar algum candidato às Presidenciais e se o fizer que tenha a decência de se explicar.
Resta-me humildemente recomendar ao Presidente da Jerónimo Martins dois detalhes:
§ Que a finlandesa Lapónia a 27 graus negativos – a 2000 quilómetros do circulo polar Árctico - promove turismo de eleição em torno do Pai Natal, de uma cem número de actividades lúdicas, de um zoo de gelo e neve com mais de uma centena de espécies, de restaurantes de gelo…
§ Que os seus funcionários nos supermercados trabalham que se fartam, horas a fio e com salários relativamente baixos e em alguns casos que não deu para colocar o prato sobre a mesa de Natal.
José Maria Pignatelli
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