A comunidade internacional começa a interrogar-se sobre os propósitos dos profissionais que trabalham no Wikileaks (?) Depois de conhecidos os seus procedimentos e instalações, percebe-se que estamos perante uma organização que tira partido da comunicação electrónica que, ao ritmo de um clique, passa as suas informações ao planeta. Ficam efectivamente disponíveis para quem as pretenda ler e ver. Como se tratam de documentos quase todos mais ou menos confidenciais têm o condão de nos abrir o apetite a darmos uma vista de olhos.
Naturalmente, alguns deles já os vimos concretizados em reportagens de risco elaboradas por jornalistas da BBC, algumas delas já passaram na SIC Notícias no programa “Toda a Verdade”. Aqui o tempo é inimigo – acabamos por nos esquecer de detalhes que devíamos manter presentes para não nos surpreendermos agora.
Mas afinal de contas o Wikileaks será um bando de mal feitores (?) que por mero acaso encontra amigos em quase todos os lugares chave entre os governos e as maiores empresas dos países mais dominantes?
Ou pelo contrário, serão um grupo de cidadãos que têm acessos privilegiados e pretendem que o mundo perceba a dualidade de critérios e as assimetrias que ninguém - particularmente os poderes instituídos - se importam se mantenham entre os mais ricos e os mais pobres… Um grupo de profissionais singulares que pretendem mostrar a promiscuidade entre os países que se encontram em lados opostos perante a opinião pública e se unem na especulação financeira que invade as bolsas mais destacadas.
Será que no Wikileaks já perceberam que a globalização aumentou as disparidades entre ricos e pobres?
Será que estas duas ou três dezenas pessoas suportadas por algumas centenas de anónimos pretende abrir espaço a um novo diálogo ou a uma nova ordem internacional?
Será que o desejo em ter cada vez mais cidadãos esclarecidos pode criar um fluxo de sentido contrário, mesmo uma convulsão entre poderes?
Uma certeza perfila-se: Wikileaks possui suporte financeiro forte e apoio incondicional de intelectuais de primeiro plano, ex-políticos (alguns deles que bateram com a porta antes de tempo porque tiveram uma visão mais à frente), membros de algumas famílias reais, de religiosos de várias confissões, músicos, profissionais da comunicação de vários media internacionais, técnicos especializados, comunidade científica, investigadores policiais, magistrados.
Obviamente como em todos os grupos existem os bons os menos bem-intencionados e os oportunistas que reencontram aqui espaço para remediar as suas derrotas.
O futuro encarregar-se-á de esclarecer quem faz e está com o Wikileaks e até onde a instituição será capaz de chegar, independentemente das lutas que vai certamente travar nos próximos tempos, absolutamente normais entre burocratas que não gostam que se lhes afecte o quotidiano e sobretudo lhes recordem que não honram o serviço público.
José Maria Pignatelli
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