26.4.11

Companhias e Influências

À Luz da Psicologia

Assiste-se frequentemente à ideia de que alguns comportamentos dos jovens são movimentos de oposição aos pais. Todavia, não corresponde à verdade na medida em que se tratam de movimentos de libertação com vista a construírem a própria individualidade, assumindo neste processo o grupo um papel fundamental.
Os adolescentes que conseguem integrar-se melhor no grupo serão adultos mais autónomos. Daí a importância de que o jovem não se feche num quarto frente a um computador, por exemplo.
É compreensível que este tema melindre, pois por um lado o grupo é importante mas por outro as influências e companhias podem enviesar esta etapa crucial do desenvolvimento.
E neste sentido é necessário tranquilizar os pais. Os pais não têm que se inibir, são os responsáveis pelo desenvolvimento daquele ser humano e se têm elementos válidos para não gostar de determinada companhia só têm que impor limites. Os pais não estão a dizer ao filho que não pode ter amigos, estão a dizer que aqueles, eles não gostam, não querem. E na eventualidade do filho perguntar a razão de tal procedimento, os pais devem responder porque aqueles consomem drogas e não queremos; porque eles têm 14 anos e fumam e isso é completamente desadequado, sem sentido. Logo, enquanto pais não querem os filhos junto daquela (s) companhia (s), não gostam daquela (s) companhia (s).
Face a isto há o risco de o filho fazer uma birra e querer ficar em casa fechado no quarto. E os pais devem apontar que existem muitos colegas e amigos na escola e, sendo assim, deverá procurar outros. Esta tarefa assume especial importância para o seu crescimento.
Mais vale que o adolescente chore hoje um bocadinho do que os pais daqui a uns anos passem o resto de uma vida a chorar.
Contudo, neste tema é importante lançar um alerta: se o pai e a mãe estão a impedir o grupo porque estão a sentir falta de atenção para eles próprios, isto é, o filho não dá muita atenção por estar com os amigos, então os pais não têm o direito de impedir o grupo por muito que doa.
Razão pela qual é IMPORTANTE o casal estar bem.
Razão pela qual é importante que os pais divorciados não cobrem aos filhos a falta de companhia afectiva/amorosa de outro adulto.
É fundamental a maneira como o grupo onde nos inserimos, lida uns com os outros visto influenciar até as redes neuronais construídas. A estrutura do grupo fica dentro de nós.
Lemos o nosso presente e antecipamos, tanto mais facilmente o nosso futuro quanto mais experiências tivermos acumulado no passado. E neste sentido é necessário ter em linha de conta, não só a importância do grupo, das companhias, mas também as influências passadas por estas.
Mauro Paulino - Psicólogo Clínico
http://www.mauropaulino.com/

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