25.4.11

Eça de Queiroz e o País

As crises em Portugal são cíclicas. A história mostra que se repetem com alguma frequência. Também se mergulharmos nos escritos de muitos historiadores, percebemos que provavelmente nunca saímos da crise, antes vivemos períodos em que as carências se sentiram menos, talvez por termos sido governados por políticos mais competentes. Compreendemos que os cidadãos sempre desconfiaram do Estado e vice-versa.
Em 1871, Eça de Queiroz escreveu:

Estamos perdidos há muito tempo... O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. Os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte, o país está perdido!
Algum opositor do actual governo? NÃO!"

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