8.4.11

Ponto e Virgula

"Ponto e Virgula O ponto-e-vírgula marca uma pausa mais longa que a da vírgula (para que se aprenda a respirar), no entanto menor que a do ponto (para que não se perca a oportunidade de agir).


A Corrida Mais Louca do Mundo

Senhoras e senhores, meninos e meninas com mais de 18 anos, doutores e engenheiros, “tias”, “tios” e “povo” o espectáculo está de volta à aldeia. Vamos entrar em mais uma Corrida Mais louca do Mundo!!! As eleições legislativas estão aí!!! É já a 5 de Junho, numa secção eleitoral perto de si. [Frase de propaganda gritada nas ruas de
Portugal por um personagem meio burlesco de bigode fino e encaracolado nas pontas, de megafone em riste… e que também faz malabarismos].
Os desportistas amadores (sim, há quem lhes chame políticos) já começaram a tomar os seus lugares, a afinar os motores e a afiar as línguas viperinas. É que no final os prémios são irresistíveis: tachos de diferentes tamanhos, feitios e materiais esperam estes esforçados
patriotas na meta.
Prémios mais que merecidos num país onde se recompensa quem rouba, quem mente, quem engana, desde que saiba manter a pose.
Até 5 de Junho teremos algumas sessões de déja-vu, vulgo campanha eleitoral (e só o dinheiro que se gasta nisso dá-me uma volta ao estômago…). Lá vão andar os nossos desportistas em verdadeiras maratonas pelo país… nas feiras, nos jardins com os velhinhos, nos hospitais com os doentinhos, nos bairros sociais, em jantares e almoçaradas com a massa apoiante (e a maior parte dela intelectualmente amorfa), que isto de abraçar e beijocar o povo fica sempre bem na fotografia. Enfim, vale tudo.
Por seu lado, os jotas, muitos deles imberbes e que ainda nem votam, lá andam na festança a fazer noitadas e arruadas de bandeiras na mão (pequenitos, cuidado com a coluna, os paus das bandeiras ainda pesam).
A 5 de Junho prevê-se que suba ao pódio o eterno vencedor: a abstenção. Fruto da indiferença desesperada que se vive neste país de brandos costumes. Neste país onde as manifestações por melhores condições de vida e de trabalho são pacíficas (e muito bem)
e a suposta e tão badalada festa do futebol não passa de uma batalha campal com várias frentes.
De qualquer maneira, vivemos num país onde a política não é mais que uma batalha campal, com bárbaros de fato e gravata ao comando".

Teresa Salvado


NOTA: Texto escrito na rúbrica Ponto e Virgula, para o jornal Nova Odivelas de 08 de Abril de 2011

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