Pirosos e mal-educados

Decididamente os portugueses ainda não perceberam como devem coabitar quando integram instituições públicas. Muitos nem sequer percebem que prestam serviço no aparelho de Estado, têm deveres para com a Nação, quanto mais não seja respeitarem os cidadãos contribuintes que lhes confiam os destinos do País ou a própria credibilidade do serviço público. Isto é extensível a todos os níveis e também aos nomeados e a quem detêm o poder. Esta regra de ouro nem sequer se relaciona com os sistemas políticos. A democracia fica de fora. Mas não será menos verdade que se de facto vivêssemos em democracia esta regra ainda mais razão tinha de ser. Pois é, mas 36 anos ainda não foram suficientes para percebermos que se acabaram os quintais, a admoestações gratuitas, as agressões injustificadas, que a justiça tem de ser célere... No último dia do congresso do Partido Socialista assistiu-se, em directo nas televisões, aos piores exemplos que se podiam esperar de responsáveis pelo partido político que governa o País. Se não gostam das perguntas ou das câmaras da televisão só tem de ter a coragem para o dizer em público. Não é necessário enviar seguranças, motoristas encher o peito e desatar aos empurrões e muito menos fugir pela porta das traseiras. Nem todos os portugueses emprestam relevância a estes factos, mas deviam... Questionam-se princípios, regras que afinal só se julgavam ser possíveis no tempo da outra senhora, no passado fascista. Provavelmente está na hora de percebermos o que foi o passado de alguns destes senhores que agora se arrogam de donos da democracia e europeus, como se algum dia Portugal não estivesse estado agarradinho ao “Velho Continente”... A pirosada constante desde a nossa adesão à Comunidade Económica Europeia. Estas cenas são um mau exemplo de quem não sabe perder e muito mais dirigir, tal qual mandaram fazer os dirigentes do meu clube quando perderam o campeonato a jogar em casa. Podemos ser instruídos, mas somos manifestamente incultos e mal-educados.

José Maria Pignatelli