7.5.11

Os Riscos

Mais uma vez se antecipam uma multiplicidade de riscos que os portugueses se preparam para correr. O maior deles é continuarmos na disposição de manter a vida política bipolarizada como se fosse a única alternativa. As sondagens ontem publicadas, apontam para isso mesmo: socialistas e sociais-democratas vão disputar o triunfo nas próximas eleições sem que se conheçam estratégias e possíveis candidatos ao governo. Mais uma vez, poucos parecem preocupados em avaliar a classe que nos dirigirá nos próximos anos, num momento particularmente difícil em que vamos ser fortemente fiscalizados, nos próximos trimestres para que possamos receber dinheiros de instituições internacionais.


As sondagens parecem alimentar o marketing dos dois maiores partidos e particularmente do Partido Socialista que tem um líder capaz de ultrapassar todos os limites da imaginação. José Sócrates não se incomoda com o facto do seu ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, vir a público confessar que o pedido de ajuda financeira internacional foi uma medida acertada e não havia como fugir dela.


Percebe-se que o voto útil vai manter-se e assumir importância relevante no desfecho das eleições de 5 de Junho. As sondagens valem o que valem, mas manipulam certamente os mais indecisos. A fazer fé nestas auscultações, percebemos que mais à esquerda ou mais à direita ganham-se votos, mas não tantos quanto se podia esperar. Aliás, o Bloco de Esquerda será o mais penalizado pelo voto útil, porventura a recair no Partido Socialista e talvez como resultado de não terem aceitado o convite para reunir com a ‘Troika’. É que o BE esqueceu que os seus simpatizantes não se perfilam com correntes de opinião sectária e radicais, antes gostam de ser considerados como representantes de uma ‘esquerda moderna’, reformista e participativa. Francisco Louçã perdeu a oportunidade de mostrar o que sabe, o que afinal ensina na Universidade e nas consultadorias meritórias que tão bem sabe fazer.


O CDS impõe-se mais apesar de tudo. Tudo indica que crescerá ainda que os portugueses não lhe reconheçam qualidades inquestionáveis, tanto no parlamento português como no parlamento europeu. Mantêm-se ainda alguma vergonha em votar no PP, trazendo ao de cima as questões ideológicas que se esbatem, cada vez mais, com esta quase globalizada política do Ocidente.


Mas o momento impõe reflexões desapaixonadas e a nossa capacidade em ponderarmos dar confiança aos partidos mais pequenos que, para já, se encontram distantes da obrigação em servir clientelismos diversos.


Por outro lado, estes serão os políticos que conseguirão maior distanciamento do acordo com a ‘troika’ internacional e, consequentemente, melhor capacidade de análise para perceber o que é negativo e menos negativo no acordo alcançado, como por exemplo a determinação do aumento do IMI, imposto sobre imóveis, como forma de dinamizar o arrendamento. Ora quem comprou casa, não irá certamente vendê-la para deixar de pagar IMI e optar pelo arrendamento. 72% dos portugueses optaram por casa própria estimulados pelas regras do mercado que lhe foram impostas. Também investir no imobiliário para arrendar não se afigura negócio de grande rentabilidade. Esta é uma daquelas decisões que vai beliscar fortemente com o equilíbrio dos orçamentos familiares da classe média.


Também os assuntos relacionados com a factura energética merecem particular atenção e aqui é um dos ‘cavalos de batalha’ do CDS.


Outras análises merecem maior atenção. António Gaito autor no blogue Quarta República publica um artigo interessante que merece leitura atenta.


http://quartarepublica.wordpress.com/2011/05/05/um-acordo-dificil-mas-necessario/

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