26.5.11

Relações duplas e a passividade

À Luz da Psicologia
Semelhantemente com o que tenho procurado fazer com as outras reflexões, a desta semana é sobre um tema recorrente em psicoterapia e no qual as pessoas se prendem sem perceber o obstáculo que o mesmo representa na caminhada para o bem-estar.
Falo de relações duplas e da passividade que muitas vezes lhe está associada.
O primeiro aspecto que importa reflectir é que quem trai está a enganar duas vezes. De certa forma, o engano provocado ao outro(a) e a si mesmo(a).
Contudo, frequentemente um dos envolvidos (por norma, o terceiro elemento) tende a ficar à espera que a outra pessoa mude, constituindo um erro gravíssimo comprometedor da felicidade no amor.
Tantas vezes ouvimos as pessoas a lamentarem-se que não têm sorte no amor, que o amor não lhes bate à porta, mas quantas vezes essas mesmas pessoas, na verdade ficam presas, cúmplices de um relacionamento que todos (e muitas vezes elas também) sabiam que não ia dar absolutamente em nada de gratificante.
Quando a pessoa se mantém numa relação com alguém casado tende a evocar que ele(a) é casado(a) e quer respeitar o/a marido/mulher, razão pela qual ainda não deu um passo mais efectivo. Consequentemente assume uma postura passiva, de quem espera que algo muda e não consegue perceber que quem não consegue sair da relação anterior onde estava é porque não gosta o suficiente da nova e não é capaz de respeitar a nova relação, a nova pessoa com quem se está a envolver (bem como, a primeira relação).
E perante este cenário, se não exigirmos que nos respeitem então não nos podemos queixar da falta de respeito que têm por nós!
Ao contrário de uma postura passiva e comprometedora da felicidade, é necessário romper com a dificuldade em sair do presente e começar-se a pensar no futuro. Pensar que apesar de gostar muito daquela pessoa e isso representar algum sofrimento, essa pessoa não o(a) está a respeitar devendo assumir um posicionamento definitivo. Esta mudança permitirá que as suas emoções se reformulem e avance sem estar paralisado(a) pelo medo que irá sentir. Mais vale “sofrer” um determinado período de tempo do que sofrer para sempre.
Não fique estagnado(a) a pensar que irá perder alguma coisa pois uma pessoa que inicia com outra uma relação sem se conseguir soltar da relação que já tinha, revela pouca maturidade emocional.
Seja mais exigente! Somos humanos preciosos e fantásticos, e portanto, não tem de ser passivo(a) e ficar a dar atenção a quem não a merece.

Mauro Paulino - Psicólogo Clínico
http://www.mauropaulino.com/

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