Do Shelby Mustang à Harley Davidson
Rocker 1600
No interior sobressaem alguns detalhes... Mas a alavanca da caixa de velocidades é notável, bastante retro |
Este Shelby é uma versão especial do Ford Mustang que mantem as mesmas linhas que o notabilizaram desde os finais da década de 60, do século passado |
O enorme motor V8 é acompanhado pelo não menos espetacular filtro de ar |
Experimentar dois mitos da indústria
de veículos automóveis norte-americana é momento único. Neste caso nem sequer
falamos de velocidade ou um simples ensaio de condução radical. Nada disso!
Antes ‘saborear’ o espírito da de uma condução imbuída de um culto só visto nos
apaixonados pela Harley Davidson e pelos Shelby Mustang, uma marca muito
especial associada à Ford.
O nosso prazer foi conseguido no
selim de uma 1600 Rocker C que já custou mais de 50 mil euros e ao volante de
Shelby Mustang GT 500, na versão comercializada à entrada de 2011. O Ford tem
matrícula espanhola, mas em Portugal custará entre os 160 e 200 mil euros.
Os Shelby equipam um motor Ford de 8
cilindros em V DOHC. O exemplar que conduzimos tem 5,4 litros e possui 547
cavalos.
De recordar que este modelo data de
1967 e mantém um “velho novo design”. É reconhecido como um Mustang. O seu
design baseia-se nos antigos GT 500 originais, produzidos até 1970 e por
herança dos Mustang Shelby dos ‘anos 60’ do seculo passado: Mantêm as aberturas
no capô, que retiram o calor do compartimento do motor e o spoiler traseiro, uma
referência aos primeiros Shelby.
A versão que conduzimos é
sobrealimentada e possui a maioria dos componentes do actual Ford GT que se
exibe no presente ‘Mundial de GT’. A caixa é de 6 marchas, com intervalo muito
curto e uniforme, tal qual sucede nas versões de competição.
Testámos o Shelby num traçado sinuoso
com bom piso, apenas com a adversidade de se encontrar ligeiramente húmido.
Este coupé aparentemente mais
clássico que os seus concorrentes, os Porsche, Ferrari, McLaren, Lamborghinni, BMW série 6, é uma máquina
infernal capaz de ombrear com a concorrência europeia em todas as
circunstâncias, particularmente nas travagens e recuperações. As recuperações
são quase mágicas a fazer lembrar-nos de um carro de rali: parado arrancou para
os 100 km/h em pouco mais de 4 segundos, sem que tivéssemos a necessidade de
dar tudo por tudo. A saída das curvas, mesmo as mais apertadas não nos deu dores
de cabeça: O Shelby Mustang encerra um comportamento em curva simplesmente
fantástico, muito semelhante aos concorrentes com carroçaria mais baixa. O seu
centro de gravidade é muito bom e percebe-se que foi cuidado pelo construtor.
De qualquer modo, o fascínio também se encontra quando o fazemos deslocar
suavemente, para ter o prazer de ouvir o ressoar do seu motor, seguramente um
dos melhores V8 que se constroem no planeta. O Shelby GT 500 está longe de ser
um desportivo vulgar uma qualquer imitação como a sua imagem pode até fazer
crer. Ele é um animal de estrada e de pista, também capaz de um comportamento
extraordinário em piso de terra bem batida: É fácil fazê-lo deslizar, de lhe
colocar a traseira quase a ultrapassar a dianteira, sem perder o controlo. É
quase como brincar com uma ‘quad’, mesmo mais confortável e seguro, basta
trabalhar bem com a direcção, muito precisa, tal como o acelerador e o
travão... E nem o jogo físico que o condutor precisa neste caso, nos retira o
fascínio do Shelby Mustang GT500, um dos desportivos mais antigos em produção.
Percorrer as estradas da orla marítima da Serra de Sintra ou a antiga
classificativa da ‘Lagoa Azul’ pode fazer-se entre os 70 e os 160 km/h. Em dois
troços tocámos os 200 com uma facilidade impressionante.
Voar baixinho para olhar a natureza
e ouvir o vibrar de um motor único
Passar para a Harley Davidson 1600
Rocker faz-nos descer à terra. Jogar seguro. Optar por menores velocidades e
perceber o conceito desta moto americana: Voar baixinho para olhar a natureza e
ouvir o vibrar de um motor único.
Destina-se ao passeio, ao culto do
gosto pela natureza, à prática de uma cultura de marca que tem de tudo, do
vestuário aos acessórios mais inacreditáveis e actualizados sem que o seu
design questione os modelos Harley. A ‘Rocker 1600 C’ para além de um filtro de
ar á vista à cor da moto, inclui um termómetro digital do óleo do motor. Mas
este motociclo é muito fácil de conduzir: baixo centro de gravidade, não
excessivamente longa e fácil de se deslocar em qualquer circunstância,
porventura melhor na estrada.
Velocidade máxima aconselhável é bem
distinta da possível de conseguir no Shelby Mustang: entre os 120 e os 150 é o
ideal.
Harley Davidson é uma marca indelével
da cultura industrial norte-americana. É uma distintivo que teve enorme sucesso
em plena grande depressão nos Estados Unidos. Foi lançada em 1903, por William
Harley e Arthur Davidson, e logo com motores de grande cilindrada com a
arquitectura semelhante à actual, os dois cilindros em V. Com 750 e 1000 cm3 a
partir de 1914. Depois, com 1200, 1400, 1600 e mais recentemente também com
1800 cm3. Todos estes equipam os modelos mais recentes. Mais ou menos
extravagantes, personalizadas à medida de cada um, entre os 15 e os 100 mil
euros, Harley Davidson são um mito, uma amante dos maiores apaixonados pelas
motos em qualquer parte do planeta, capaz de juntar milhares.
... E os Shelby Mustang talvez sejam
as Harley de quatro rodas!
José Maria Pignatelli
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