"Ponto e Virgula O ponto-e-vírgula marca uma pausa mais longa que a da vírgula (para que se aprenda a respirar), no entanto menor que a do ponto (para que não se perca a oportunidade de agir).
Temos os políticos que merecemos. Muitas vezes se ouve que cada um tem aquilo que merece. Disto eu não tenho a certeza. Mas cada vez estou mais certa que temos os políticos que merecemos. Pelos menos alguns de nós.
E Odivelas é só uma pequena amostra de um país inteiro. Aqui, onde deixou de ser a terra das portunidades e passou a ser a terra onde sabe bem viver, ou seja lá o que é (que estas frases feitas são cada vez para levar menos a sério) há alguns exemplos.
Vamos lá então. Por exemplo, as iniciativas culturais independentes estão praticamente vazias. Os debates de interesse social têm um baixo índice de participação. A própria petição para a abertura ao público do Mosteiro de Odivelas teve a maioria das suas assinaturas graças a um grupo de pessoas com força de vontade e que acreditam que calcorrearam as ruas do concelho a recolher assinaturas.
É oficial: as pessoas não estão para se chatear, perderam o interesse até pelos assuntos mais polémicos ou esclarecedores, querem tudo feito na hora, pronto a consumir. A maioria das pessoas foge de tudo o que dê muito trabalho e obrigue a pensar.
O que até se começa a compreender porque qualquer dia inventam um imposto qualquer para se poder pensar. E tudo a bem da nação. Ao que parece, a frase “não perguntes o que é que o teu país pode fazer por ti, mas sim o que podes fazer pelo teu país”, do ex-presidente norte-americano J. F. Kennedy, está fora de moda. O desânimo tomou conta da maioria, apesar da elevada adesão à manifestação da Geração à Rasca. Sim, sou favorável à manifestação, às motivações da manifestação e estive lá. Mas, é agora? Bem, agora,à hora em que escrevo este artigo temos um primeiro-ministro demissionário e estamos a braços com uma crise política grave.
Definitivamente, temos os políticos que merecemos. Porquê? Porque somos o povo do desenrasca, e a maioria das vezes isso não é bom, pois todos os planos e políticas são pensadas a curtíssimo prazo… dos biscates… dos esquemas para fugir aos impostos… ou para ter mais um subsídio.
Tal pai, tal filho… Tais governantes, tal povo. Somos o povo do remedeia, em vez das medidas de fundo, dos remendos mal cosidos. Temos tido sucessivos governantes que tapam aqui e acolá, escondem o lixo debaixo do tapete. O pior é que a União Europeia da senhora Angela Merkel espreita debaixo dos tapetes da casa alheia várias vezes. E não tem medo de mandar limpar.
Definitivamente, temos os políticos que merecemos.
Mas… está aí a Primavera. E haja sol!!!"
Teresa Salvado
NOTA: Texto escrito na rúbrica Ponto e Virgula, para o jornal Nova Odivelas de 25 de Março.
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