27.3.11

Pouca imparcialidade

Mecanismos das sondagens, Censos... são pouco seguros

As empresas de sondagens ainda não perceberam que os seus enganos podem prejudicar outras empresas e instituições, tanto do ponto de vista financeiro como do ponto de vista da credulidade.

Nos últimos tempos assistimos a resultados de sondagens que se encontram claramente distantes da realidade. Isto sucede relativamente a audiências dos canais da televisão, dos investimentos publicitários e às opções sobre os partidos políticos.

A Marktest nasceu quando me encontrava na universidade, pelas mãos de um grupo de pessoas entre eles um professor de estatística que tive. Então, todos lhes conheciam as suas fortes convicções políticas como convinha.

Recordo-me perfeitamente que não admitiam discussões do foro ideológico, nem dentro nem fora da instituição de ensino. Estávamos na ponta final do PREC e este doutores percebiam que chegava a era do socialismo democrático. Portanto, tal como no tempo da outra senhora e como no momento de influência comunista, ou concordávamos com eles ou estávamos contra.

Essa coisa da democracia continuava condenada a ficar na gaveta... E ainda hoje lá está!

Não é nada estranho que sondagens anteriores aos últimos actos eleitorais tenham ficado distantes dos acontecimentos.

Não esqueço as perscrutações publicadas dias antes das “Europeias 2009” que colocavam a lista do PSD em 2º lugar e apontavam para a dificuldade na eleição de Nuno Melo cabeça de lista do CDS. Pois é, o PSD ganhou as eleições e foram eleitos 2 eurodeputados do CDS que obteve mais de 8 % dos votos.

A adulteração das respostas dos cidadãos é fácil de fazer por que ninguém vai fiscalizar os procedimentos destas empresas nem as hipotéticas gravações feitas nos call center que contactam os cidadãos.


Dúvidas nos Censos 2011

Mas a vergonha destes vícios em perverter a verdade não se fica apenas nas sondagens. Também nos Censos 2011 se assiste à liberdade dos representantes do INE - que recolhem os formulários preenchidos por quem optou em não fazer via electrónica - fazerem alterações ao que os cidadãos responderam.

Também quem é que garante o sigilo destes documentos que são livremente enfiados numa mala que o técnico leva consigo. Ainda há pouco mais de uma hora e diante de terceiros, uma dessas representantes entendeu, por sua alta recriação, modificar a resposta dada pela minha mulher no que se refere à matéria de trabalho, não percebendo sequer que o campo da resposta em causa não tinha de ser preenchido.

Depois, de ter modificado a resposta e ter arrumado o formulário do inquérito na sua mala, lá tivemos de exigir que o devolvesse e repusesse a resposta.

É por estas e por outras que a maioria de nós desconfia destes processos e do próprio Estado... por que é o aparelho do Estado que desconfia de nós todos contribuintes.

Este pequeno detalhe que se deve, com certeza, à incompreensão sobre como se deve ou não responder, é revelador da libertinagem com que estes projectos passam à prática.

Mas considerando o choque tecnológico que levamos desde que este governo subiu ao poder, traduzido em milhares de notícias, e ao investimento feito nas novas tecnologias e em recursos humanos, era admissível que as respostas destes censos pudessem resultar do cruzamento de dados e pesquisa do Estado, tal como sucede em muitos países europeus.

Porventura assistiremos a mais uma oportunidade de um trabalho importante que se perde, em parte por acreditarmos que este género de correcções sucederá em catadupa. Os técnicos nomeados pelo Instituto Nacional de Estatística - à boa maneira portuguesa - são os únicos completamente esclarecidos sobre o assunto, tanto mais que somos todos analfabetos.

Continuamos a ser o mesmo de sempre, cidadãos de um País sem grande credibilidade e, por isso mesmo, sem grande importância no contexto internacional.


José Maria Pignatelli

Sem comentários: