É normalmente motivo de comentários e discussão a relação dos jovens com determinados grupos e a importância destes para o crescimento daqueles.
Como consequência da falta de entendimento sobre estes aspectos há pais que tentam privar os filhos do contacto com determinado grupo não percebendo que lhes estão a impedir o crescimento, ou seja, estão a impedir que os filhos desenvolvam competências sociais e aprendam igualmente sobre si próprios.
Quando os pais gostam dos filhos (sim, porque há os que não gostam!) desejam que os filhos em adultos se revelem responsáveis, alegres, trabalhadores, inteligentes e bem-dispostos. Esta meta torna-se de difícil alcance quando os filhos não partilham o suficiente em grupo. Quando a criança está a dar os primeiros passos, a conhecer o mundo ela está inserida na família.
E é precisamente na família que ela encontra a primeira forma de descobrir o mundo, ao olhar para os pais, os tios, os familiares mais próximos. Deste modo, a criança vai reproduzir aquilo que viu na medida em que primeiramente somos por imitação.
Na etapa seguinte, o jovem precisa de um outro grupo a quem se vai ligar emocionalmente e onde ocorrem processos importantes para o desenvolvimento. Designadamente, a oportunidade de apresentar opiniões (aprendidas na família), bem como, conhecer novas formas de entender e olhar o mundo que após confrontadas, pensadas resultarão na individualidade. E na impossibilidade de passar por este processo de distanciamento, o jovem corre o risco de ficar colado ao feitio e controlo dos pais. Consequentemente, quando chega a adulto terá maiores dificuldades em integrar-se no mundo profissional e na nova família que vai construir, e em grande parte devido ao facto de não ter passado por um grupo.
Neste âmbito, distanciamento não significa ir embora e nunca mais voltar, mas sim um distanciamento psicológico. Ou seja, estar integrado no grupo e admirar-se com os eventos da vida que o grupo apresenta.
Se houve espaço para conhecer novas opiniões, se há uma boa ligação afectiva vivida até aos 11 ou 12 anos na relação com os pais não deve haver medo porque mais tarde voltam a aproximar-se dos pais, a aproximar-se dos muitos valores que os pais transmitiram. E o mais importante é que esta aproximação se deve ao facto de concordarem e não ao facto de estarem colados às opiniões dos pais, de não terem uma personalidade própria.
Contudo, defender a importância da passagem por um grupo para o desenvolvimento não é advogar que todos os grupos serão bons para esse efeito. Essa já é outra questão!
Mauro Paulino - Psicólogo Clínico - www.mauropaulino.com
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