18.7.11

BCP, um embrulho no meio da lixeira

É inadmissível que uma instituição bancária valha menos de 30 cêntimos por acção.
Devemos questionar com preocupação o futuro do banco Comercial Português. Isto não é ser alarmista. Apenas puxar pelos três dedos de testa que temos. Tentar imaginar o que é perder valor num global de 2,2 biliões de euros. Em bom português numa única expressão: uma ‘pipa de massa’!
É lícito que os depositantes neste banco comecem a fazer contas à vida. Também aqueles que movimentam milhares, todos os dias, podem esforçar-se em diagnosticar esta maleita e tentar adivinhar o futuro. Acredito que nem os melhores chegam a grandes conclusões.
De qualquer modo seria positivo recuarmos seis, sete ou mesmo dez anos e fazer uma análise detalhada aos investimentos do BCP cá dentro e fora do País. Também verificar se é ou não saudável manter um capital demasiado disperso e para obter a maioria do capital ser necessário reunir umas dezenas de accionistas.
Afinal de contas, ainda recentemente responsáveis pelas nossas finanças, como o ex-ministro Teixeira dos Santos, empresários e banqueiros juravam a pés juntos que a nossa banca tinha solidez.
Hoje ninguém se atreve a subscrever esta afirmação:
Na passada sexta-feira, a Moodys baixou a classificação de sete bancos portugueses e cinco deles, incluindo o BCP, passaram a fazer parte da categoria ‘lixo’.
Por muito que se reclame contra estas agências seria prudente avaliar este circunstancialismo. Perceber verdadeiramente o que está a suceder. Porque é que colocam Portugal a correr atrás da Grécia? A quem interessa esta aflição dos países do Sul, particularmente os periféricos da União Europeia?
Talvez importe ‘olhar’ para dentro, para o interior da Europa da união monetária. Muitos países com a mesma moeda, forte, mais que o dólar... mas muitos com realidades distintas do ponto de vista social, económico e cultural. Concorrer com o dólar, com os Estados Unidos que terá eventualmente um deficit da ordem dos 10% (?), obrigaria a uma Europa a uma única velocidade, com uma só economia de interesses. Não podemos ignorar que disputamos contra meio continente que produz de tudo e que tem a moeda de referência internacional que compra tudo. Lutamos contra um País que possui moeda soberana e que a fabrica. Combatemos contra alguém que contém a inflação, pelo menos interna. Contra quem é capaz de segurar os preços dos combustíveis aos seus consumidores, à sua indústria e agricultura. Não fosse o seu esforço de guerra, teríamos à evidência o mais poderoso entre todos e nem a China emergente assustaria o Ocidente.
Enquanto isto temos uma Europa desunida, entretida com disputas internas e onde os protagonistas nem sequer sabem do que falam, talvez porque em quinze anos conseguiram dar uma valente cambalhota no campo ideológico.
Em Portugal, faz-se uma corrida contra-o-tempo no meio de uma ‘lixeira’, obviamente rótulo imerecido e pouco animador para um governo com um mês de exercício... Mas indiferente para cerca de 150 mil que mantêm a iniciativa de fazer férias longe e com dinheiro na algibeira.

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