11.7.11

A força de gostar

À Luz da psicologia

Em consulta é frequente serem verbalizadas uma série de queixas sobre determinado(a) namorado(a), parceiro(a) ou marido/mulher, tais como:
· Apenas vivemos juntos, não se passa mais nada;
· Não sente preocupação pelos meus sentimentos;
· Não tem medo de me perder, sou um objecto dado por adquirido;
· Não sente compaixão pela minha frustração;
· Não se activa para a relação funcionar, tenho que ser sempre eu a fazer alguma coisa.
Ou se o leitor preferir, até nos podemos interrogar: “será que notam que do outro lado (na mesma casa, na mesma cama, etc.) há gente?”.
De facto, estamos a falar de comportamentos exigentes e que dão trabalho. E dão tanto trabalho que só quando gostamos realmente da outra pessoa é que temos força para os fazer; só quando gostamos os conseguimos fazer. E porquê? Porque o gostar provoca a nossa necessidade, empurra-nos para a acção, e portanto, eu tenho necessidade de me meter com aquela pessoa para a “provocar”, para a fazer sentir bem.
Há coisas que não podemos pedi-las porque elas nunca vão surgir. Ou se gostarmos de andar frustrados, podemos pedir, mas atenção, nunca vão acontecer. Quando alguém não está apaixonado ou quando alguém não nos ama, nem nunca vai amar, não se vai activar para realizar comportamentos como aqueles que listei atrás.
Não há que levar o outro a gostar de si; tem é de perceber se o outro gosta ou não de si. E muitas vezes é duro enfrentar a situação, mas se não o fizer não se poderá colocar em marcha para a resolver.
Algumas pessoas preferem entregar-se a uma atitude de negação, em vez de se confrontarem com os incómodos próprios de um relacionamento frustrado. A realidade de tentar seguir com a vida após a decisão de ficar no mesmo ciclo, pode ser bem mais difícil do que saltar borda fora e começar de novo.
Não há futuro – que não o da doença e da depressão – para alguém que opte por ficar com um(a) namorado(a), parceiro(a) ou marido/mulher que não se activa e compromete com a relação, ou por outras palavras, que não gosta de si, que não o(a) ama.

Mauro Paulino
http://www.mauropaulino.com/

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