Crescimento económico só nos países fora da moeda única. Alemanha e França ficam-se pelos 0,2%, contra os mais de 3,8% do Reino Unido e Suécia. Alarga-se o grupo dos euros cépticos.
A propósito do meu artigo aqui publicado “O IVA do nosso descontentamento”, Fernando Tudela definiu-o de uma forma curiosa: “como sendo a nossa incapacidade de valorizar uma sociedade onde a dignidade humana não seja regida por princípios éticos mais parecidos com o famoso jogo do Monopólio, que em crianças, para que nos habituássemos ao sistema económico em que vivíamos, jogávamos e onde todos queriam ficar com a banca”.
De qualquer modo, enquanto a nossa crise entrou numa espécie de semana de férias, preparam-se medidas para debelar a outra crise, a dos mais ricos da Zona Euro, ou melhor dos países que aderiram ao Euro e que se encontram entre os mais poderosos da União, a Alemanha e a França. A chanceler alemã, Angel Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, apoiam uma espécie de governo económico comum, porventura legitimar um grupo de fiscais que se dedicarão exclusivamente, em permanência, a verificar a política de execução orçamental e controlo dos deficits dos dezassete países da Zona Euro. Por enquanto Merkel e Sarkozy continuam adversários dos “euro bonds”, numa posição que levanta cada vez maiores dúvidas sobre a solidariedade europeia na Zona Euro e na própria União. Os dois lideres ‘jogam’ o futuro de parte da Europa numa espécie de tabuleiro de xadrez perante a passividade de outras economias importantes.
Esta mediada acontece no dia em que foram revelados os números relativos ao primeiro trimestre do ano das economias dos países Membros da União cuja moeda é o Euro e, que se cifram numa média que não ultrapassa as 2 décimas, exactamente 0,2%. Efectivamente Alemanha e França cresceram muito pouco se atendermos a outras economias fora da Zona Euro, como a Suécia e o Reino Unido, ambas acima dos 3,8%. Aliás, o Reino Unido ultrapassou os 4,3%. Acredita-se que estes se poderão juntar aos Países não Membros como a Noruega e a Suíça cujas economias devem crescer aproximadamente 5%, conseguindo manter maiores níveis de poupança perca pita.
Portugal continua a regredir: o PIB desceu para – 0,9% no primeiro trimestre do ano o que demonstra que o crescimento das exportações em 17,9% contra um diminuto aumento das importações de 1,9% não chegaram para animar a nossa economia. As famílias portuguesas encontram-se claramente numa fase de poupança, uns voluntariamente outros porque enfrentam cada vez maiores dificuldades. Entre nós as perspectivas encontram-se longe de serem animadoras: até ao final do ano poderemos ter mais 75 a 90 mil desempregados.
Nos números relativos aos primeiros três meses do ano, podemos ainda verificar uma acentuada diminuição da venda de combustíveis refinados pelas gasolineiras. Percebe-se, a avaliar também pela diminuição de sinistros nas nossas estradas, que os portugueses levantaram o pé do acelerador. Aqui o sinal é positivo porque baixam as nossas despesas com a importação de petróleo, sempre onerosa para a nossa economia.
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