Fala-se muito em democracia, nos valores da democracia para aqui e par ali. De facto é um apalavra que sai com a maior facilidade da boca de qualquer politico, mas infelizmente, na maior parte das vezes é utilizada em vão.
De facto confesso que sem ser para questionar essa mesma utilização, tenho alguma dificuldade em a utilizar. Não, que não acredite nela, mas porque entendo que a condição base para o seu funcionamento é a justiça e essa em Portugal … .
Acresce, que a utilização generalizada palavra democracia em vão, não é mais que uma excepcional ferramenta para muitos oportunistas que gravitam à sombra do poder instituído. Inclusivamente é aproveitada pelo próprios, com o objectivo de tornar esse próprio poder instituído, numa área onde prosperam.
Vem isto agora a propósito dos cenários que são apontados para a crise do Euro. Fala-se de uma possível saída do euro, do fim da tal moeda única e até que a união europeia está em causa, enfim, hoje estamos objectivamente confrontados com estes horizontes. As implicações, assim como as consequências, ninguém as conhece ao certo, mas a concretizarem-se serão com toda a certeza devastadoras, implicarão ainda maiores sacrifícios e mais sofrimento.
Por isso questiono mais uma vez, porque é que num país onde se fizeram três referendos, dois deles sobre o mesmo tema, a interrupção voluntária da gravidez, uma questão que no limite até a podemos considerar do foro pessoal, não se fez uma única pergunta sobre a entrada na então C.E.E., no Euro ou sobre a assinatura do Tratado de Lisboa, essas sim questões de interesse colectivo e nacional.
Neste momento estamos todos convocados para pagar um conta, derivada de uma situação para a qual não fomos tidos nem achados, e por isso mais uma vez pergunto que democracia é esta e quem serve?