10.9.10

A carta

- Esta carta chegou-me pela Internet. A ser verdadeira, como dizem que é, quase que posso afirmar que o seu destinatário só a lerá se também chegar via Internet ao seu mail pessoal.
- Esta carta vem intitulada como sendo um acto de coragem. Depois de a ler fiquei a achar que foi um acto de DESESPERO.

Sem mais "suspense" aqui fica a carta, que apesar de ter recebido com todas as identificações das pessoas optei (por questões de segurança) por as tirar:



«Exmo. Senhor Ministro das Finanças,

(XXNome completo do cidadãoXX), cidadão eleitor e contribuinte deste
País, com o número de B.I. XXXXXX, do Arquivo de identificação de
Lisboa, contribuinte n.ºXXXXX vem por este meio junto de V. Exa.
para lhe fazer uma proposta:

A minha Esposa, (XXNome completo da esposaXX),
vítima de CANCRO DE MAMA em 2008, foi operada em 6 Janeiro com a
extracção radical da
mesma.

Por esta 'coisinha' sem qualquer importância foi-lhe atribuída uma
incapacidade de 80%, imagine, que deu origem a que a minha Esposa
tenha usufruído de alguns benefícios fiscais.

Assim, e tendo em conta as suas orientações, nomeadamente para a CGA,
que confirmam que para si o CANCRO é uma questão de só menos
importância.

Considerando ainda, o facto de V. Ex.ª, coerentemente, querer que para
o ano seja retirado os benefícios fiscais, a qualquer um que ganhe um
pouco mais do que o salário mínimo, venho propor a V. Ex.ª o seguinte:

A devolução do CANCRO de MAMA da minha Mulher a V. Exa. que, com os
meus cumprimentos, o dará à sua Esposa ou Filha.

Concomitantemente com esta oferta gostaria que aceitasse para a sua
Esposa ou Filha ainda:

a) Os seis (6) tratamentos de quimioterapia.

b) Os vinte e oito (28) tratamentos de radioterapia.

c) A angústia e a ansiedade que nós sofremos antes, durante e depois.

d) Os exames semestrais (que desperdício Senhor Ministro, terá que
orientar o seu colega da saúde para acabar com este escândalo).

e) A ansiedade com que são acompanhados estes exames.

e) A angústia em que vivemos permanentemente.

Em troca de V. Ex.ª ficar para si e para os seus com a doença da minha
Esposa e os nossos sofrimentos eu DEVOLVEREI todos os benefícios
fiscais de que a minha Esposa terá beneficiado, pedindo um empréstimo
para o fazer.

Penso sinceramente que é uma proposta justa e com a qual, estou certo,
a sua Esposa ou filha também estarão de acordo.

Grato pela atenção que possa dar a esta proposta, informo V. Exa. que
darei conhecimento da mesma a Sua Ex.ª o Presidente da República,
agradecendo fervorosamente o apoio que tem dispensado ao seu Governo e
a medidas como esta e também o aumento de impostos aos reformados e
outras...

Reservo-me ainda o direito (será que tenho direitos?) de divulgar esta
carta como muito bem entender.

Como V. Ex.ª não acreditará em Deus (por se considerar como tal...) e
por isso dorme em paz, abraçando e beijando os seus, só lhe posso
desejar que Deus lhe perdoe, porque eu não posso (jamais) perdoar-lhe.

Com os melhores cumprimentos,

Atentamente,
(XXNome completo do cidadãoXX)»



Teresa Salvado

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