29.9.10

Queijos diferentes só no nome

Entre nós a confusão nas estratégias chegam aos mais tradicionais produtos alimentares. Temos dois queijos iguais, produzidos no mesmo local cujas diferenças são unicamente duas - o nome e o preço.
A Cooperativa dos Produtores de Queijo da Beira Baixa produz o conhecido queijo artesanal Castelo Branco, produto alimentar certificado que utiliza o leite de ovelha crú como base única. Mas também vende o mesmo queijo com o nome Idanha-a-Nova. Este não tem qualquer titulo de qualidade e custa menos 2 euros por quilo aproximadamante.
É extraordinária esta forma que se encontrou para baralhar o consumidor e arranjar debates patéticos sobre qual deles é ou não melhor.
Não discuto sobre qual destas é a designação correcta. Porventura nenhuma. Que me recorde esta confusão persiste há mais de 45 anos. E, afinal de contas este maravilhoso queijo dos melhores que se produz no País podia ter vários nomes - queijo do Ladoeiro, de Alcains, de Penamacor, da Lardosa, do Oledo...
A questão está na sensatez, num marketing de verdade, na credibilidade de uma região... Um produto artesanal, único, não pode confundir-se com a indústria em série que aceita fabricar "marca" e "linha branca" em simultâneo, onde basta mudar o rótulo ou quanto muito também a embalagem.
Urge entender que somos pequenos e periféricos e que o futuro se encontra na nossa diversidade de culturas concretizada pelos produtos de excelência ímpares e forçosamente com um preço justo, naturalmente mais elevado que a concorrência da indústria de massas. Estamos a falar de qualidade, sempre, sem sobressaltos.
Trata-se do fim-de-linha de uma cadeia que subsiste da pastoricia de rebanhos com os melhores ovinos e caprinos que se possam imaginar, fruto do engenho e arte que passa de pais para filhos há dezenas de anos.
E isto tem um custo. O prestígio de uma região e mesmo do País em alguns casos.
Estas marcas de queijo não fazem qualquer sentido, muito mais em dois concelhos que possuem muito mais coisas boas do que negativas apesar da interioridade... ou não fosse o talento de um autarca que começou por colocar Idanha-a-Nova no mapa nacional e internacional por força da dinâmica do turismo cinegético e termal, partindo depois para Castelo Branco com os mesmos desafios.
Esta questão é ainda mais inaceitável se atendermos à qualidade e criatividade dos veículos de comunicação existentes como o exemplo da revista "Adufe".
Oxalá saibamos proteger a verdade, sempre!
José Maria Pignatelli

2 comentários:

Xico da Memória disse...

Odivelas tem a sua salvação na marmelada. A marmelada é que faz de odivelas "Uma terra de oportunidades", acreditem. Se todo o país produzisse marmelada, o país saía da crise. Se todo o mundo produzisse marmelada, acabava a crise. Parece impossível, mas no mundo dos ilusionistas, tudo é possível,podem crer.

Maria Máxima Vaz disse...

Bem, vamos lá com calma.
Considero óptimo certificar a marmelada branca.É uma mais valia para Odivelas,assim como outros doces conventuais daqui, também famosos, embora sem a divulgação da marmelada. E porquê? É que os tabefes, o manjar branco, o manjar real, os farténs, etc.,ficaram nos círculos aristocráticos e burgueses e a marmelada tornou-se popular, por ter baixos custos. Só que essa marmelada popular, que lhe deu fama, não era a marmelada branca. Esta manteve-se vaidosamente "aristocrata".