6.3.11

Homens da Luta

O PREC está de volta? Dificilmente a história se repete. Mas neste fim-de-semana recordámos esses tempos. No Festival da Canção da RTP, a votação do público deu a volta ao veredicto do júri nacional – colocou a vencer uma balada de intervenção, “A Luta é Alegria”, interpretada pelos “Homens da Luta” que nos atira para finais da década de 70’.
Melhor ainda é que esta banda liderada por Nuno Duarte, um humorista que se notabilizou na SIC Radical, anunciou que vai dar música à manifestação da “Geração à Rasca”. Junta-se portanto às hostes do Partido Comunista que já anunciou se fará representar pelo seu Secretário-geral.
Claro que já todos começam a perceber que a manifestação do próximo sábado assume relevância porque já garantiram presença mais de 50 mil, fora os anónimos que não se colocaram na internet e que lá estarão certamente independentemente das suas convicções.
Na cidade alemã de Dusseldorfe vai ser mais difícil compreender esta nostalgia ou talvez não.
Os europeus mais ricos vão acabar por perceber a real dimensão da nossa crise interna que, segundo INE, se encontra demonstrada no facto de mais de 3 milhões de famílias - cerca de 70% dos portugueses - viverem com menos de 1200 euros mensais.
Não admira que a malta desatasse a votar nos Homens da Luta, mesmo que a luta seja uma alegria.
É tempo de reflectirmos!
Vamos assustar a Europa? Os europeus vão entender que se encontram perante um Portugal eternamente atrasado desestruturado e que aplicou mal os fundos comunitários? Depende tudo da importância que se der e de quantos milhões vão ver e perceber a nossa língua.
De qualquer modo, os irmãos Nuno e Vasco Duarte, o líideres da banda, explicam que "é preciso virmos para a rua e com alegria e de forma pacifica exprimir o que nos vai na alma, as coisas que estão mal o que é preciso mudar, que existem pobres e desprotegidos que temos direitos inquestionáveis e que não podemos estar reféns apenas das questões económicas, do controlo do déficit, da oscilação dos juros, da especulação dos mercados financeiros".
Para o humorista Nuno Duarte, "todos nós temos dentro um pouco de Zeca Afonso e de Marcelo Rebelo de Sousa e é isso que está na altura de mostrar, obviamente de forma pacifica porque num país onde se brinca com o povo só podemos levar a coisas na brincadeira..."
O que fica por saber é se este acontecimento poderá ter consequências mais sérias, ser ele mesmo o transbordar de um grito de indignação de várias gerações mais instruídas e esclarecidas que se fizeram a pulso sem favores e que talvez por isso encontram menores oportunidades... E se este despertar será ou não aproveitado por milhares de desprotegidos, desempregados e alguns mais idosos que já não têm esperança num amparo até ao fim da vida. Também ficamos na expectativa de ver quantos políticos e de que quadrantes se vão colar à iniciativa do próximo dia 12.

José Maria Pignatelli

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo, os Homens da Luta são uma sátira. ninguém quer voltar aos tempos do prec, eles são os primeiros a ridicularizar esse tempo. Qt à tão fala imagem.. realmente o português médio é muito triste por se preocupar "com a imagem que os outros têm de nós" o que é demasiado ridiculo em primeiro lugar porque nenhum povo é tão obsecado por essa imagem como os portugueses (já vivi em 5 países) e em segundo é ridículo pensar que alguém constroe a imagem de um povo com uma banda do festival eurovisão.. pode dormir descansado, meu amigo. Por último, há-de reparar que todos os países "gozam" com o próprio festival da canção, só mesmo o portuguesinho é que quer lá alguém para impressionar os colegas europeus.. tipo a dona de casa que quer vestir um vestido de gala, mas que por melhor que esteja vestida nunca deixa de ser a dona de casa em figuras ridiculas.. é isso que tempos feito em todos os feitivais da canção.. até agora!! viva os homens da luta!!

Miguel X disse...

Caro anónimo,
Agradeço que da próxima vez coloque o seu nome, aqui no blogue não temos por hábito permitir a publicação de comentários provenientes de anónimos.
M. cump