6.3.11

Uma escultura feita automóvel



Alfa 4C surpreende milhares no Salão de Genebra
Com o sucesso do Alfa Romeo 8C - limitado a 1000 exemplares, 500 em fechado e outros tantos descapotáveis – a marca italiana começou a apostar na sua revitalização enquanto marca de prestígio com um cunho marcadamente desportivo e acima de tudo por um design de grande personalidade que a distingue há décadas.
O fantástico 8C atirou para o mercado os descendentes Mito e mais recentemente a reedição do Giulietta.
Mas faltava algo mais semelhante ao lindíssimo 8C, sem tantas limitações de produção e mais acessível aos consumidores.
E aí está – o Salão Automóvel de Genebra mostra o Alfa Romeo 4C passado do conceito à realidade para ser lançado no próximo ano a um preço entre os 42 e 45 mil euros antes de impostos.
Além de surpreendentemente belo, este coupé de dois lugares mistura os ideários de um desportivo de excelência com as necessidades economicistas. A Alfa Romeo junta alta tecnologia na construção do chassis e carroçaria com a utilização de alumínio reforçado a carbono para conseguir elevada resistência, segurança e, em simultâneo peso reduzido que não ultrapasse os 850 quilos e assim conseguir de um motor de 1,8 litros (1750 cm3) performances de um concorrente de 3,0 litros.
Este motor de 1,8 litros já estreado nos modelos 159, Giulietta e Lancia Delta terá no 4C, os mesmos 240 cavalos, mas vai conseguir atingir os 100 km/hora entre os 3 e os 5 segundos e ultrapassar os 250 km/h como velocidade máxima, mantendo consumos também mais baixos que a concorrência do segmento.
O Alfa 4C terá o motor colocado de forma central e tracção atrás, tal qual os melhores desportivos da marca.
Mas em Genebra este Alfa Romeo foi também visto como uma resposta do Grupo Fiat às iniciativas do grupo Volkswagen em adquirir a marca italiana. Aliás o patrão da marca alemã, Ferdinand Piech não desiste da aquisição da empresa italiana, afirmando recentemente que “connosco a Alfa venderia o dobro”. Talvez o que ainda falta o alemão perceber é que um Alfa Romeo é um automóvel realmente diferente, mesmo que os possamos considerar espartanos no seu interior, não permitindo por exemplo globalizar as mesmas peças, tabliers e equipamentos em vários modelos e até em marcas diferentes.
De qualquer modo, o presidente executivo do Grupo Fiat, Sérgio Marchionne, adiantou que enquanto estiver à frente dos destinos do grupo a Alfa Romeo não estará à venda. Em todo o caso é bom recordar que o italiano Da Silva, responsável pelo inicio desta revitalização da marca italiana no final dos Anos 90, sobretudo no capitulo do design é, desde há uns anos, um dos directores de projectos do grupo alemão. Da Silva foi o autor do modelo 156 e do 147, tendo deixado esboços para uma nova berlina que substitui-se o famoso 164 e a base dos actuais Brera e Spider.
O futuro Alfa Romeo 4C reúne todos os ingredientes para ser um veículo de sucesso que passa naturalmente por um esforço de produção relativamente económica em relação à tecnologia que se pretende adoptar e a uma produção anual que não deverá ultrapassar as 1200 unidades – 45 mil euros mais impostos significará um preço médio da ordem dos 53 mil euros na maioria dos países da união europeia, enquanto em Portugal poderá rondar entre os 74 a 80 mil.
Mas para o Grupo Fiat o lançamento deste desportivo poderá marcar o início de outros já mostrados e de que falaremos mais tarde como:
- O Lancia Stratos, porventura o mais semelhante ao do passado, ainda que agora assente num chassis Ferrari (igual ao do Alfa 8C) encurtado e com o mesmo motor de 8 cilindros em V a debitar mais de 540 cavalos;
- O Lancia Fulvia, também muito semelhante ao que fez história nos Mundiais de Ralis antes dos Delta e que deveria ter uma mecânica muito semelhante ao do agora apresentado Alfa 4C, no topo da gama.

José Maria Pignatelli

Sem comentários: