1.6.11

Militares sem justiça

Em Portugal os critérios da Justiça nem sempre são congruentes. Muito mais evidentes são as diferenças entre as práticas civis e militares. Há dias, um magistrado decretou prisão preventiva para dois jovens que espancaram uma jovem, numa cena filmada e publicada no facebook e transmitida em todos os canais de televisão.


Agora assistimos a imagens de uma cena em todo semelhante de vários militares a maltratarem um companheiro de caserna, com grande violência. Neste caso também de forma premeditada e mais humilhante já que o atacado se encontrava desnudado. E como de militares se tratam a pena foram cinco dias de reclusão no quartel. O mais curioso é que os condenados entenderam recorrer desta decisão.


Ora os portugueses de bom senso podem muito bem questionar-se sobre em que País vivem, porque existem pesos e medidas diferentes entre a justiça civil e militar. Afinal de contas, em que Estado de Direito vivemos? Porque alimentamos uma organização que diverge das demais?


Porque são os contribuintes obrigados a alimentar uma instituição militar improfícua, jamais capaz de responder em qualquer cenário de agressão externa, tanto mais que nem meios humanos e materiais existem.


Aliás, é bom não esquecer como fomos recambiados da Índia e mais recentemente da nossa Timor Leste pelo invasor Indonésio, deixando os timorenses à mercê das maiores atrocidades.


É demasiado grave que se oiçam militares de patente superior afirmar que se fez justiça com cinco dias de reclusão. É extraordinário como não se ouve uma única voz discordante, sobretudo quando estamos em vésperas de eleições e num momento em que o poder e as instituições do Estado precisam ser moralizadas para ganhar credibilidade junto dos cidadãos.


Percebe-se que os militares fazem o que querem e, por certo, vão manter um corporativismo extremo.


A violência e as praxes na caserna continuam e mantêm-se autorizadas.


José Maria Pignatelli


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