3.6.11

Pode haver luz (5)



Num momento em que a esperança e as expectativas andam em baixa há que reflectir e fazer das dificuldades uma mais-valia. Só assim poderemos promover a mudança e com ela encontrar as soluções que nos permitam inverter esta tendência. Acredito que podemos voltar acender a luz da esperança.


5 - História de adultos contadas a crianças.

No outro dia, estávamos vários amigos de longa data a almoçar, todos com as respectivas famílias e o tema da conversa, dada a altura em que estamos e o facto de eu andar nestas andanças, era precisamente sobre política.

Numa mesa estavam os adultos (cerca de 20), na outra, um pouco distante estavam as crianças, cerca de 30 a 40, com idades compreendidas entre os 6 e 16 anos. Às tantas fomos surpreendidos por um deles que chegou à nossa mesa e disse com um ar muito perspicaz “sabem, nós também estamos todos falar de política, mas estamos todos já um pouco baralhados e por isso gostava que fossem lá explicar-nos quem é que deve ganhar as eleições e porquê”.

Todos rimos, ouviram-se umas piadas de ocasião e disseram – “Xara, tens que ser tu”.

Um pouco embaraçado, sem saber bem como havia de fazer para que todos, desde o mais novo ao mais velho percebesse, lá comecei:

"Imaginem que estávamos todos a fazer uma viagem de barco. Tínhamos saído com o mar relativamente calmo, mas à medida que o tempo foi passando, tudo foi ficando cada vez mais perigoso e que pelo facto do comandante ter feito muitas asneiras a viagem ainda se tornou mais e mais difícil.

Tantas foram as asneiras que o barco começou a meter água, o que como sabem o poderia levar ao fundo. Mesmo quando o mar parecia mais calmo, porque o comandante Zé estava desnorteado, as asneiras sucediam-se e a água continuava a entrar.

Para piorar as coisas, o comandante Zé convencido que nada fazia de errado e como se não bastasse, mentia.

A tal ponto, que chegou a afirmar que a tempestade já tinha passado. Mas, logo a seguir apareceu um temporal ainda maior.

Perante este cenário de medo, insegurança e falta de confiança no comandante, quando já havia mortos e feridos, quando alguns já tinham caído à água e havia muitos que se atiravam ao mar, apenas alguns, embora cambaleando tentavam resistir e só os que estavam bem instalados e com coletes salva-vidas pareciam continuar na maior.

Enfim, era um cenário de terror e horror.

Às tantas o barco encontrou um pequeno rochedo, como porque tinham pouca comida a bordo e algumas avarias muito graves, mesmo sabendo que não havia dinheiro a bordo, o Zé resolveu atracar.

O rochedo, no qual era quase impossível viver e onde muitos daqueles que se tinham atirado ao mar já se encontravam, pertencia a um senhor a quem já lhes tinha sido contada a história desta maldita viagem e ao qual o comandante deste navio, o Zé, já tinha feito muitas promessas sem que alguma vez as tivesse cumprido.

Nesse rochedo estavam mais dois barcos:

Um que parecia ter acabado de chegar, lá dentro havia um enorme nervosismo, cada membro da tripulação dizia uma coisa diferente e, pese o facto do comandante Pedro os tentar acalmar e de se multiplicar em inúmeras justificações, ninguém se entendia, nem sequer quanto à rota a tomar para chegar a bom porto.

Outro, onde cada um conhecia muito bem o que tinha que fazer, qual a sua tarefa especifica e onde todos sabiam qual o porto onde queriam chegar, era a dirigido o comandante Paulo.

Perante esta situação, imaginado que o Zé era o Sócrates, que o Pedro era o Passos Coelho e que o Paulo era Portas, com qual dos comandante e em que barco escolherias para continuar esta viagem?”


1 comentário:

o vitelo disse...

Parabéns Xara Brasil, li a sua "história" contada às crianças e gostei do esforço que faz.

Feliz de quem pode escrever alguma coisa nos jornais da terra outros há que nem isso.

Boa sorte para domingo.