2.6.11

Grandes encontros num mundo muito pequeno.

Há muitos anos, ainda um garoto, costumava visitar com grande regularidade o Jardim Zoológico. Tenho desse tempo na memória alguns dos extraordinários funcionários que lá trabalhavam e guardo especial saudade de dois deles: o professor de patins, um homem mulato, alto, de uma simpatia e correcção como havia poucos; o outro o tratador dos elefantes, os quais na altura passeavam pelo Jardim transportando crianças numa cadeiras colocadas no dorso para esse efeito.

Lembro-me, nos dias que ia passear ao Jardim chegar ao portão da entrada e começar a correr para a zona dos elefantes, para ir ter com o tal tratador, o Zé dos Elefantes como ele era conhecido. Não hesitava e quando me via, também ele ficava contente e fazia questão, tão depressa quanto pudesse de me colocar numa daquelas cadeiras. Era na altura um daqueles amigos mais velhos, como eu costumava dizer.

Ao meio - a mulher do meu
amigo Zé dos Elefantes.
O Zé dos Elefantes morava em Odivelas e algumas vezes depois de eu ter deixado de ir com a mesma frequência ao Jardim Zoológico ainda o encontrei algumas vezes na rua. Há uns anos alguém, tenho ideia que a minha mãe, me disse que o Zé dos Elefantes tinha morrido.

Ontem numa das visitas a um centro de dia, onde estive à conversa com inúmeros idosos, houve uma senhora que me disse, sou viúva há alguns anos, o meu marido era um bom homem, trabalhava no Jardim Zoológico e tenho muitas saudades. De imediato acendeu-se uma luz e exclamei: o seu marido era o Zé dos Elefantes!

A conversa a partir daí continuou e prolongou-se, não vem ao caso até onde foi, mas gostei de conhecer esta mulher e sobretudo de saber que também para ela o meu amigo ZÉ dos ELEFANTES era um GRANDE HOMEM.

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