Embrulhados nas dificuldades do dia-a-dia, em termos de pensar no que fazer para evitar a nós próprios e aos “nossos” mais privações, invadidos por tanta informação e contra informação, bombardeados por uma onda alarmista que justificada ou injustificadamente se instalou, somos tentados a andar preocupados, desanimados… e bloqueados o que se afigura mais perigoso.
A grande verdade é que ao longo do últimos anos, provavelmente com mais responsabilidade de uns do que de outros, todos juntos construímos esta sociedade e escavámos o buraco em que nos encontramos. Não interessa perder tempo a descobrir os culpados. A verdade é que todos juntos usufruímos e todos contribuímos para a actual situação em que o País se encontra, nem que tenha sido por via de uma atitude passiva e ou por renúncia.
Vejamos, no gesto tão simples e tão conhecido de apontar o dedo a alguém, culpando-o terceiros, deixando sempre três dedos apontados para nós, os que mantêm a mão fechada para dar saliência ao dedo indicador. Isso é representativo.
Não pensem com isto que estou a desculpabilizar quem prevaricou e, por proveito próprio ou corporativo, prejudicou a comunidade. Longe disso, penso a esse respeito que devem ser todos exemplarmente punidos.
O que pretendo transmitir neste texto é que de nada nos vale andar a por aí “chorar”, a lastimarmo-nos, a perder tempo a culpabilizar tudo e todos. Será mais simples se investirmos e empreendermos na construção de uma vida pessoal, familiar e social melhor. Acredito que se formos criativos, empenhados, determinados e se tivermos devoção naquilo que é importante e essencial, não haverá barreiras suficientemente altas, nem nada que nos impeça de concretizar os nossos objectivos.
Os portugueses têm alguns defeitos, mas também muitas virtudes.
Existem, bons exemplos ao longo da história de Portugal, tanto ao nível individual como colectivo. Vários foram as figuras que atingiram elevado relevo (Reis, Guerreiros, Navegadores, Escritores, Artistas, Desportistas, Empresários, Cientistas…) e vários foram as batalhas e os momentos em que nos superámos. Basta pensar que, com apenas um milhão de pessoas, estabelecemos comunidades em quase todo o mundo e isso faz com que haja cerca de duzentos milhões de pessoas a falar português.
Não foi só no antigamente que fomos grandes e bons, que tivemos talento e personalidades relevantes. Continuamos a tê-las e em vários domínios.
Não pensemos que todos os que hoje sobressaem nasceram ou cresceram num “berço de ouro”, não é verdade. Mourinho, Cristiano Ronaldo, Belmiro de Azevedo, Isabel-Jonet, Horta Osório, Godinho Lopes, Siza Vieira, Paula Rego, Joana Vasconcelos, António Rosa Damásio, Boaventura de Sousa Santos são apenas alguns exemplos de personalidades que só chegaram longe e são bem-sucedidas porque investiram e empreenderam tempo naquilo de que gostam e no que acreditaram.
Enfim, se todos formos capazes de dar o nosso melhor, se empreendermos e investirmos, se tivermos espírito de sacrifício e devoção, conseguiremos individual e colectivamente voltarmos a superáramo-nos.
Como diria uma Senhora que já há muito partiu e que assinava os seus textos com o pseudónimo Maria Ninguém - "Na verdade os bailes são lindos: encantam, estonteiam, deslumbram. Mas a vida tem muitas outras coisas boas e, se a olharmos com boa vontade, encontramos nela tanto que nos prenda e nos encante que ficamos sem pena de lá não ir."
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