Os portugueses são maioritariamente
vaidosos. Também são invejosos. E ainda conseguem ilustrar uma enorme falta de
bom senso. E quando são políticos não conseguem fugir às tentações do poder, à autopromoção.
Aproveitam todos os momentos para conseguirem destaque social, relevância mesmo
que extemporânea.
Mário Máximo, vereador com pelouros no
Executivo da Câmara de Odivelas, é o autor do livro Nick Name. Apresentou-o no
teatro da Malaposta gerido pela Municipália, uma empresa com um único acionista,
a Câmara de Odivelas. Até aqui tudo bem.
Agora, acontece o inesperado – ‘Nick
Name’ foi adaptado ao teatro e a peça está em cena na Malaposta, desde o
passado dia 19 de Outubro. Relevante ou muito relevante se apostarmos no teatro
como uma forma nobre da nossa cultura.
Mas em causa está o fato desta peça
publicitar um autarca com responsabilidades executivas, também com o pelouro da
cultura e servir-se de uma instituição, a Municipália, que também já presidiu
no anterior mandato.
Dificilmente se conseguirá dissociar
estes factos com a iniciativa da Malaposta adaptar o livro do socialista Mário
Máximo com uma produção integralmente sua... Dificilmente, não
seremos levados a pensar que importa elevar a imagem intelectual daquele
autarca, tanto mais que estamos a um ano das eleições autárquicas e num momento
em que a candidata, a atual presidente Susana Amador, desconhece o desfecho do
'Caso Hugo Martins', supostamente o seu nº 2 e presentemente Presidente da
Concelhia do Partido Socialista de Odivelas.
Se Mário Máximo era considerado como uma
'carta fora do baralho' de Susana Amador, pode muito bem ter entrado de
novo na lista de eventuais candidatos do PS ao futuro Executivo da Câmara. O
alegado incidente, no Algarve, entre Hugo Martins e elementos da GNR, pode ou
não ter um desfecho que comprometa o futuro político do líder da concelhia do
PS. E na vida política não há amigos que estejam dispostos a suportar faturas
pesadas que, acima de tudo, possam fazer perder votos.
Seja como for, era importante perceber
porque não se contemplam autores de Odivelas ou relacionados com Odivelas, que
escreveram obras perfeitamente adaptadas ao teatro e cinema, tais como Rosa
Lobato Faria, como os professores Sá Nogueira e Sotto Mayor com obras sobre D.
Dinis, o jornalista Hernâni Carvalho e Paulo Aido que escreveu o romance sobre
a primeira derrota política de Salazar.
É quase escandaloso, encenar uma peça da
autoria de um vereador em exercício de funções e publicitá-la em todos os meios
habituais, como na rede de mupis da Cemusa
em Odivelas, fazendo com que, inequivocamente, beneficie a sua imagem com a
projeção que, de outro modo, não teria.
Por muito que se diga que não, estamos
perante um 'lobbie' socialista no concelho de Odivelas, beneficiando claramente
quem necessita granjear uma boa imagem e publicitar o seu nome com objetivos
políticos de curto prazo.
A bem da verdade, Mário Máximo devia ter
evitado isto.
Não lhe fica bem a ele nem à atual
administração da Municipália também ela dirigida por um socialista.
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