22.10.12

Ganhar popularidade, a quanto obriga

Os portugueses são maioritariamente vaidosos. Também são invejosos. E ainda conseguem ilustrar uma enorme falta de bom senso. E quando são políticos não conseguem fugir às tentações do poder, à autopromoção. Aproveitam todos os momentos para conseguirem destaque social, relevância mesmo que extemporânea.
Mário Máximo, vereador com pelouros no Executivo da Câmara de Odivelas, é o autor do livro Nick Name. Apresentou-o no teatro da Malaposta gerido pela Municipália, uma empresa com um único acionista, a Câmara de Odivelas. Até aqui tudo bem.
Agora, acontece o inesperado – ‘Nick Name’ foi adaptado ao teatro e a peça está em cena na Malaposta, desde o passado dia 19 de Outubro. Relevante ou muito relevante se apostarmos no teatro como uma forma nobre da nossa cultura.
Mas em causa está o fato desta peça publicitar um autarca com responsabilidades executivas, também com o pelouro da cultura e servir-se de uma instituição, a Municipália, que também já presidiu no anterior mandato.
Dificilmente se conseguirá dissociar estes factos com a iniciativa da Malaposta adaptar o livro do socialista Mário Máximo com uma produção integralmente sua... Dificilmente, não seremos levados a pensar que importa elevar a imagem intelectual daquele autarca, tanto mais que estamos a um ano das eleições autárquicas e num momento em que a candidata, a atual presidente Susana Amador, desconhece o desfecho do 'Caso Hugo Martins', supostamente o seu nº 2 e presentemente Presidente da Concelhia do Partido Socialista de Odivelas.
Se Mário Máximo era considerado como uma 'carta fora do baralho' de Susana Amador, pode muito bem ter entrado de novo na lista de eventuais candidatos do PS ao futuro Executivo da Câmara. O alegado incidente, no Algarve, entre Hugo Martins e elementos da GNR, pode ou não ter um desfecho que comprometa o futuro político do líder da concelhia do PS. E na vida política não há amigos que estejam dispostos a suportar faturas pesadas que, acima de tudo, possam fazer perder votos.
Seja como for, era importante perceber porque não se contemplam autores de Odivelas ou relacionados com Odivelas, que escreveram obras perfeitamente adaptadas ao teatro e cinema, tais como Rosa Lobato Faria, como os professores Sá Nogueira e Sotto Mayor com obras sobre D. Dinis, o jornalista Hernâni Carvalho e Paulo Aido que escreveu o romance sobre a primeira derrota política de Salazar.
É quase escandaloso, encenar uma peça da autoria de um vereador em exercício de funções e publicitá-la em todos os meios habituais, como na rede de mupis da Cemusa em Odivelas, fazendo com que, inequivocamente, beneficie a sua imagem com a projeção que, de outro modo, não teria.
Por muito que se diga que não, estamos perante um 'lobbie' socialista no concelho de Odivelas, beneficiando claramente quem necessita granjear uma boa imagem e publicitar o seu nome com objetivos políticos de curto prazo.
A bem da verdade, Mário Máximo devia ter evitado isto.
Não lhe fica bem a ele nem à atual administração da Municipália também ela dirigida por um socialista.

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