11.10.12

Já não há espaço para todos

O problema já não será uma questão de falta de vontade dos portugueses em procurar emprego ou, mesmo montar o seu próprio negócio. Antes, espaço para a implementação dessa vontade. Ter um pouco de certeza a propósito da credibilidade do País, cá dentro e lá fora. Perceber que a economia de Portugal não se faz maioritariamente com microempresas e muito menos sabemos que não há capacidade de sobrevivência para tantas empresas desta dimensão. É certo que em Portugal existem muitos preguiçosos, amantes do negócio fácil. Destes, também há quem esteja instalado no ciclo dos mais afortunados que, a troco de negócios quase monopolistas, lucram facilmente.
Mas a confirmar-se o aumento de impostos no próximo ano, não se dúvida da cada vez maior dificuldade dos portugueses sobreviverem, da perspectiva da manutenção de uma economia interna em contração continuada, do aumento do desemprego, do crescente incumprimento no pagamento dos créditos bancários quer pelo sector empresarial quer pelas pessoas singulares. Em 2013, ficaremos seguramente mais perto do final da linha, sem horizontes para qualquer prazo. Os próprios governantes sabem disso. Não conseguem retroceder o caminho imposto pelos credores que já atestou não ser o mais ajustado para todos os sectores… E não importa dissecar a estratégia de quem manda na economia dos países membros da União Europeia que se encontram dentro da zona euro.
Importa sim, interrogar-nos sobre a realidade de uma crise quase eterna que se esbateu pela abundância dos fundos comunitários que recebemos durante duas décadas.
Ontem, ouvi uma criança dizer para o Pai desempregado: "Fazes bolos tão bons... Podemos fazer muitos e vendê-los!".
Uma grande verdade: haja vontade de trabalhar.
Mas a questão é outra: Será que o pai desta criança pode fazer bolos em casa e vendê-los? Claro que não! À luz da legislação, são necessários requisitos que custam uns milhares de euros.
Eis perguntas legítimas:
Será que é fácil arranjar uma lista de clientes que justifique um investimento do género? Por enquanto talvez. Porventura menos daqui a uns meses.
E quantos bolos são precisos fabricar e vender para que a margem permita a sobrevivência da família e pagar entre 35% e 46% da facturação em impostos?
Será que os proventos da venda de bolos pagam os próprios custos operativos do negócio?
Ontem, fiz esta análise com quem sabe e muito: É proprietário de cinco estabelecimentos e a sua maior prioridade é manter a sustentabilidade da empresa de modo a não ter de despedir nenhum funcionário e, muito menos, baixar salários, até porque se habituou a pagar acima da média e a alimentar as esperanças de melhores condições aos seus trabalhadores.
Claramente já não há espaço para todos os negócios, mesmo os mais criativos. O número de falências aumenta todos os meses.



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