Alguém se imagina sentado no chão do corredor de um hospital, com um calor infernal, sem água para beber e com uma perna a gangrenar devido ao rebentamento de uma mina?
Alguém imagina qual a reacção que teria se por acaso passasse um médico que não conhecesse de lado algum e dissesse, não tenho anestesias (estão esgotadas), não tenho grandes ou nenhumas condições, como aliás podes ver, mas vou ter que te amputar a perna, será logo à noite?
Há alguns anos, em Luanda, assisti a uma situação destas com grande estupfacção e foi com enorme surpresa que vi aquele homem, no momento em que o médico disse “será logo à noite”, fazer um enorme sorriso.
O sorriso próprio de quem sabia que apesar do enorme sofrimento que estava a ter e do que ainda teria pela frente, em particular nessa noite, que podia ter a esperança de continuar a viver.
E de facto continuou a viver!
Nota 1: Artigo relacionado - Não há cura sem dor (1).
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