Muitas das organizações humanitárias perderam a vergonha há alguns anos.
Fazem campanhas de angariação de donativos que mais de 70% se perdem pelo caminho. Pior é que utilizam produtos made in China fabricados sabe-se lá em que circunstâncias para comercializarem no mundo dos mais ricos...
Esta verdade é constatada por quem já esteve em alguns dos terrenos onde essa ajuda seria ouro.
É difícil contestar essa verdade.
Como difícil será desmentir centenas de jornalistas ou voluntários que conhecem as realidades que se passam nos terrenos mais pobres do planeta. Que muitas vezes é nesses locais que ficam a conhecer as últimas novidades dos todo-o-terreno da indústria automóvel. Pois claro que é tudo oferta. Trata-se de promover os novos produtos mesmo que isso signifique ter de estar em cenário de guerra ou em campos de refugiados que se arrastam pelo solo aguardando dia do julgamento final onde a pele e osso já não aguentam o oxigénio que respiramos.
Miséria de um mundo (mais) rico que se está verdadeiramente nas tintas para quem não têm sequer diariamente cinquenta cêntimos de dólar para viver... desculpem, para sobreviver em campos bem piores que os de concentração que foram conhecidos pós 2ª Grande Guerra.
Nas estações dos Correios de Portugal, a Unicef colocou à venda por 5 euros porta-chaves (bem engraçados, diga-se) e umas miniaturas do modelo Pajero da Mitsubishi, tudo made in China, precisamente numa altura em que as nações Unidas e algumas organizações humanitárias alertam para as condições precárias da indústria chinesa, recordando inclusivamente para as semelhanças com os tempos da revolução industrial europeia do século XIX, onde nada era regulado, desde o horário e às condições de trabalho e ao próprio mercado de trabalho, horários, condições sanitárias, salários, cumprimento de obrigações sociais, etc.
José Maria Pignatelli
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